Talvez essa tenha sido a pior noite. Desabotoei o short pra dormir e ao mesmo tempo que queria que fossem as suas mãos ajeitando a minha roupa eu não queria que você me tocasse porque doía em você e eu sentia nojo de mim por isso. Foi o que me acometeu de mais confuso. Dormi com uma coisa que não posso chamar de dor, por mais que doesse. Uma mão que adentra minha boca e comprime minha garganta. Cada vez que você me afasta, a mão aperta. Joguei tudo da cama pro chão ontem e o barulho da chave caindo nos tacos não me preocupou, apesar de ter acordado a casa inteira. Depois eu quis todas as coisas na cama de novo pra, pelo menos, ocupar espaço. Parece que um trator passou e me deixou lá, envolta por nada.
Eu não CONSIGO arrumar as coisas porque me sinto o tempo inteiro ainda me mudando de você, tenho vontade de rasgar todas as roupas e queimar todas as malas. Eu só queria a sua mão no meu peito pra me acalmar. Queria a minha mão no seu peito pra curar, segundo a segundo, o que ficou. Acordei, olhei o relógio e pensei que estivesse atrasada até que me mexi e me dei conta que não estava porque zero condições. Minha cabeça dói como se tivessem martelos e eu sei... sou eu segurando todos eles. Até que fui um pouco mais afundo e li o que você disse ontem. Senti meu coração bater na garganta, minhas pernas cruzarem e a saudade apertar. Naquele SEGUNDO era você me abraçando por trás e me segurando com força.
Quero correr contra o tempo já que não posso voltar. E quando você dormiu eu me debrucei de novo na cama. Me senti como se faltando. Estivesse. Uma Parte. Você. Ecoou na minha cabeça a sua frase de ontem, do medo e amor, de deixar. E eu pensei o quão louca eu seria se deixasse isso ocorrer.
Dizem que quanto mais capacidade de perdoar, mais culpa você sente. Agora eu sou inteira você de novo e você não está aqui porque coloquei quilômetros entre nós. Os segundos em que você me é inteira são os mais felizes agora, quando a mão em minha garganta vai soltando devagar.
"Te orienta, você é só minha". Eu quero você dormindo essa tarde como fazíamos, você sempre deitava primeiro enquanto eu desligava o computador, escovava os dentes, pegava o livro. Eu não costumo sentir sono depois do almoço então deixava o livro fechado do lado e deitava com você. Te abraçava de costas pra que você soubesse que eu havia chegado por mais que você já tivesse ouvido o barulho da cama e sentido o meu pesar no colchão. Fico pensando quantas vezes esse "aviso" de que eu estava ali foi só uma desculpa pra te abraçar mais uma vez no dia. Até que eu te trazia pelo braço e você logo vinha com aquela carinha se arrumando no meu peito até eu te cobrir, você arrastava os pés na cama até eles chegarem nas minhas pernas e as suas coxas se colocarem entre as minhas ou em cima do meu corpo que, meio de frente-meio de lado, te envolvia. Essa é você comigo, entre os meus braços e ali você dormia toda coberta e eu te olhava por horas. Tirava seu cabelo do rosto. Ajeitava você em mim pra que não ficasse sem respirar direito em alguma posição. Era tudo o que eu queria estar fazendo agora enquanto você está dormindo e eu estou aqui.......
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