A verdade é que empurrei até a metade, mas aquela cadeira que você colocou pra eu não entrar continuou ali até dar de encontro com a parede. E mesmo que eu chutasse do lado daqui, a cadeira não se movia e você de lá de dentro continuou olhando até que não fosse mais um desafio me ver tentando arrombar do lado de fora. Algumas horas tentou arredar a cadeira, não conseguiu, machucou o dedo e assim ficou.
Depois sentou, ficou assistindo minha determinação ir se esgotando pancada após pancada, até que começou a empurrar de lá de dentro. Pra que colocar o pé na porta em sentido contrário? Empilhar vários objetos sobre a cadeira pra ficar mais pesado e até deixar um ou outro cair na minha cabeça? E aí, tranquilamente, eu apanhei umas frutas, armei um toldo, deitei no degrau, vi as estrelas, elogiei a lua, fiquei uma noite sim outra não-sim dolorida e a porta foi se fechando enquanto nós já tinhamos mais ou menos duas cobertas, dois sofás.
Só que ainda estávamos ali, separadas por aquela porta que você não conseguiu puxar porque se bateu e que não consegui empurrar, nem com toda a força. Vezenquando você grita alguma coisa lá de dentro e eu respondo, quando não... eu peço uma almofada, você dá. Até que entre as nossas casas (e veja bem... não é mais nossa-singular) se construam ruas, céus, apartamentos, luzes....
Nenhum comentário:
Postar um comentário