domingo, 7 de agosto de 2011

Trilha do Morro Dois Irmãos

Saí às onze e cheguei pouco antes das oito e quinze. Subi 600 metros acima do nível do solo, aproximadamente 200 metros acima do nível das nuvens e fiz isso com as próprias pernas, sem cordas. A trilha do Morro Dois Irmãos, pra mim, começou na Av. das Américas, na entrada do Vidigal, no Leblon. Onde cortei as curvas da favela na garupa de um moto-taxista calado que me deixou na subida da ladeira pra entrada da mata.

A parte dois começa quando vamos mata adentro por uma ''passarela'' de concreto de menos de trinta centímetros de largura e sem corrimão. Olhando pra baixo, de um lado você vê construções e do outro vegetação. Destaco que a passarela não é própria pra trilha, mas parte de uma das construções residenciais dos arredores. Ela é íngrime - mais ou menos - 27 graus ou quase 30, faz uma curva e esse é o primeiro momento em que você pensa que um tropeço ou ''olhadinha pra baixo'' pode custar muito caro nas próximas horas. É importante não perder o foco em nenhum segundo.

São 3 pontos de parada com vista até chegar no topo. São 600 metros em que você precisa controlar os batimentos cardíacos pra não cansar demais no meio. E foram 600 metros em que eu desejei uma bota de cano curto (que eu vou comprar essa semana) e uma calça até o tornozelo por causa da vegetação fechada. Tem uma das três subidas, acho que a segunda, que tem pedras muito lisas, você precisa ajudar com as mãos. Eu cortei o dedo num galho por isso e a canela por causa da brilhante ideia de ir de short. Há um momento da terceira subida em que tem pedras muito estreitas alternadas (direita - esquerda). Bom, esse é aquele ponto em que você espera nunca chegar na hora de descer........

Nada compra ter sua segurança dependendo de você por alguns instantes, nem a gratidão posterior por  sanidade e autocontrole. É o mesmo que ter a vida nas mãos e precisar usar a cabeça pra mantê-la fora de risco. Inteligência é mais importante que força, mas não vou negar que preparo físico é tão necessário quanto confiança. É fascinante pisar sobre as nuvens, estar próximo a lua, sentir cheiro de boldo e madeira. Poder se ver na mesma linha de altura do Cristo Redentor, não tão distante do topo da Pedra da Gávea. É inacreditável ver a lagoa em um buraco nas nuvens e as ondas quebrando desde o início e quase tão lentamente quanto o olhar que você destina a todos os pontos da paisagem.

É aquele momento em que você fecha os dedos com toda força que tem e respira a todo pulmão o que sobrou do céu, que daqui não se vê.

Nenhum comentário: