segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Queria ter aprendido isso na escola:

Erik H. Erikson e o desenvolvimento psicossocial  na adolescência
Texto elaborado pelos Profs. Débora Dalbosco Dell’Aglio e Christian Haag Kristensen

Quando refletimos sobre os anos que passaram em nossa vida, facilmente observamos que diversas mudanças ocorrem na forma através da qual nos percebemos. Mesmo aqueles que ainda não atravessaram, certamente já ouviram falar da crise da meia-idade, uma crise que envolve o processo de identidade. Mudanças importantes certamente ocorrem durante a infância em termos de autoconceito e auto-estima. Entretanto, é a adolescência o período no qual a reorganização do senso de self do indivíduo ocorre quando ele possui a habilidade intelectual para apreciar a dimensão dessas mudanças (Steinberg, 1999). Os trabalhos mais influentes na área do desenvolvimento da identidade do adolescente foram apresentados por Erik Erikson.
Dimensões dos Estágios
Na análise dos estágios de desenvolvimento psicossocial, é fundamental considerarmos que Erikson aborda três dimensões distintas:
1) meios de experimentar acessíveis à introspecção
2) modos de proceder observáveis por outro
3) estados inconscientes
Princípio Epigenético
Progressão no desenvolvimento a partir de um sistema básico: todos os aspectos da personalidade dependem do desenvolvimento adequado na seqüência apropriada e cada um existe de alguma forma, antes de alcançar seu momento crítico.
Confiança Básica vs. Desconfiança (0-1)
Se a mãe (ou cuidador primário) oferece satisfação em relação às necessidades físicas e emocionais básicas, o bebê desenvolve um senso de confiança básica no outro e no self. Relacionado com a persistência, continuidade e uniformidade da experiência de maternagem, que proporciona um sentimento primitivo de identidade do ego. Relacionada com a fé e a religião organizada.
Autonomia vs. Vergonha e Dúvida (2-3)
Experimentação em torno de duas ordens de modalidades sociais: agarrar (retenção) e soltar (eliminação). Necessidade de testar os limites e explorar; se a dependência é promovida, a autonomia da criança é inibida. De um sentimento de perda do autocontrole e supercontrole exterior resulta a dúvida e a vergonha. Relacionado com o princípio da lei e da ordem.
Iniciativa vs. Culpa (3-5)
Tarefa básica: adquirir um senso de iniciativa e competência. Genitalidade infantil: prazer no ataque e na conquista. Possibilidade de desenvolver senso moral.
Indústria vs. Inferioridade (6-12)
Criança necessita expandir a compreensão do mundo, continuar a desenvolver papéis sexuais apropriados e aprender as habilidades básicas para o sucesso na escola. Senso de indústria: estabelecer e manter objetivos pessoais. Em todas as culturas crianças recebem instrução sistemática. Falhas podem levar a um senso de inadequação.
Identidade vs. Confusão de Papel (12-18)
Identidade do ego: é a segurança originada da própria capacidade de manter a uniformidade e a continuidade internas e a sua correspondência na uniformidade e continuidade do que significa para os outros. Adaptação do senso de self às modificações da puberdade. Realiza uma escolha ocupacional e atinge a identidade sexual adulta. Busca de novos valores.
Intimidade vs. Isolamento (18-35)
A tarefa básica é desenvolver relações de intimidade que vão além do amor adolescente (perder-se e achar-se no outro). Agora já é possível desenvolver plenamente a verdadeira genitalidade e formar grupos familiares. A evitação devida ao temor da perda do self pode conduzir a profundo isolamento e distanciamento.
Generatividade vs. Estagnação (35-60)
Período caracterizado pela capacidade de produzir. O foco está  nas conquistas profissionais e criatividade. Preocupação relativa a firmar e guiar a nova geração. Necessidade de transpor o self e a família. Falha em adquirir um senso de produtividade geralmente leva à estagnação psicológica.
Integridade do Ego vs. Desespero (60-)
Integra estágios anteriores e encontra a identidade básica. Caracteriza-se como um momento de avaliar os próprios sonhos e as conquistas. Etapa da “sabedoria”. A integridade leva à aceitação da velhice com serenidade e a aceitação do próprio e único ciclo de vida como alguma coisa que tinha que ser e que, necessariamente, não admitia substituição. Uma falha em alcançar a integridade do ego pode levar a sentimentos de desespero, culpa, ressentimento e auto-rejeição. 

Nenhum comentário: