Janeiro foi um mês que me dediquei a escrever mais e fazer isso todos os dias, quando você sai de uma fileira de leituras densas da literatura russa, faz com que você expanda os sentidos mais contemplativos, eu acho. Na época em que eu competia e fazia meditação isso também acontecia com frequência. Você antevê as coisas e aprende a contemplar mais. Pode parecer besteira, mas você passa a ver o verde mais verde, o azul mais azul, entende essas coisas?
O meu espírito geralmente não é contemplativo, eu ando pelas ruas do centro do Rio de Janeiro pensando em tantas coisas que mal escuto um pássaro na soleira ao meu lado ou um acidente de carro na esquina e, de fato, não estou sendo hiperbólica. Sabe quando você se escuta.........: justificar ausência em plebiscito, prazo de recurso, ligar pro cara da tela, chamar diarista, 789,46 na conta, aplicar o salário na poupança-frança, ligar pro gerente, embargo de declaração pra amanhã, cotação do euro, verificar orders, prazos, prazos, prazos... E por aí vai. A única coisa que você ouve, é sua própria cabeça.
Hemingway já dizia há muito tempo que inteligência é inversamente proporcional a felicidade e, não querendo discordar, mas repaginar o genial integrante da geração perdida, não são os mais inteligentes.... Acho que o que nós perdemos é exatamente meia horinha em casa com o computador ligado só cuspindo as coisas da mente sem muito filtrar ou se dar conta do significado de ''pequenas felicidades''. E aí de repente o livro fica com um cheiro melhor, a árvore mais verde, a praia mais bonita, etc
Isso é tudo consequência de articular o que você sente, afinal... "keep calm and blog on" tinha que, por mais ridículo, fazer algum sentido. Fazia tempo que não expandia esse leque sensorial, desde que deixei de lado o feroz comércio de Antony Robbins e quase esqueci o quanto isso é bom e o quanto acontece naturalmente. Quão prazeroso é aquele momento em que você se esquece dos leões que você tem que matar diariamente? Isso porque os meus, provavelmente, são leõezinhos e se eu errar o tiro, tem alguém por trás pra consertar, eventualmente.
Eu vinha pensando nisso hoje no metrô. Crônica, literatura, não interessa o que você escreva e nem o que você queira com isso. Como uma boa canceriana eu diria que hábitos vem sempre munidos de resultados.
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