O meu problema é que você, passarinho, não voa depois das onze quando quero te contar por onde passei o dia inteiro e do risco que corri ao pousar naquele fio desencapado. Você não voa depois das onze quando quero registrar nos olhos aquele céu-copacabana, aquela areia branca, quando quero o cheiro de maresia nas penas das tuas asas curtas. Já estava bom se a gente voasse na orla e fizesse parte do pôr-do-sol na pedra do arpoador. O meu desalento é não te ouvir cantar pra lá das dez, passarinho, não te ouvir respirar perto do meu ninho, não te-colorir do meu desejo e ter que guardar minhas metáforas. E aí, como é que gasto essa falta de 'vôo-longe'?
Nenhum comentário:
Postar um comentário