domingo, 26 de abril de 2009

dei x ar

Deixa ser, nada de promessas, não quero lembranças que nos destruam pouco a pouco, deixa mais, vejo cada flor, cada amor e o que um faz. Deixa estar, que a vida vai passando e quem ganha é quem mostra e não quem diz. Deixa ver, que vamos esperando a parte de ser feliz, deixa. Deixa vir, que um dia aparece quem preenche o coração, que um dia a gente esquece e para de dizer não. Deixa crer, tudo começa em lugar pequeno e termina em lugar menor, deixa existir, pois enquanto existe ainda constrói algo maior. Deixa ser, deixa mais, deixa estar, deixa ver, deixa vir, deixa crer, deixa existir.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Safena

Sabe o que é um coração amar ao máximo de seu sangue? Bater até o auge de seu baticum? Não, você não sabe de jeito nenhum. Agora chega. Reforma no meu peito! Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas aproximem-se! Rolos, rolas, tinta, tijolo comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas Tempo, meu fiel carpinteiro, comece você primeiro passando verniz nos móveis e vamos tudo de novo do novo começo. Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora apertem os cintos. Adeus ao sinto muito do meu jeito. Peitos, ventres, pernas.. aticem as velas que lá vou de novo na solteirice exposta ao mar da mulatice, à honra das novas uniões. Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas.. protejam as beiras, lustrem as superfícies, aspirem os tapetes. Vai começar o banquete de amar de novo. Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões, façam todos suas inscrições. Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate. O homem que hoje me amar encontrará outro lá dentro. Pois que o mate.

(Elisa Lucinda)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

não per missão,

Estranho perceber o quanto algumas coisas podem ser tão efêmeras enquanto que outras podem ser tão eternas, esse mix que o tempo prega as vezes confunde, entristece, alegra, acelera, apaixona. Admiro mesmo quem é capaz de doar-se com honestidade a vida, sem fazer farsas pequenas, mesmo que os imparcialmente doados sejam aqueles que mais sofrem e que mais estejam expostos à possíveis tapas, que só servem pra uma coisa diga-se de passagem, pra te acordar em relação as pessoas.
Mais estranho ainda perceber as diferenças entre as personalidades, tenho pessoas tão frias quanto um iceberg e tão quentes quanto uma chama misturadas aqui mesmo, na minha vida. Tenho pessoas que foram capazes de mostrar tudo o que são em cinco minutos, pessoas que mostraram metade de si em um ano e certamente milhões de outras que nada mostrariam mesmo que tivessem a eternidade, são esses milhões que me divertem. Tem paixões que acabam e deixam uma ponta de saudades e amores infinitos que findam sem nada deixar. O melhor de tudo é pensar que o tempo não volta, porque aí sim reconhecemos as pessoas que sabem corrigir-se em um futuro e as que só ouvem a própria voz. O bom de viver é saber que as coisas passam independente de passarem junto a ti ou não e que passam da forma que você as construiu. O bom de sentir é saber que, de alguma forma, estamos entregues a outros que conseguiram algo de nós mesmos, de quem somos, realmente. O bom de acabar é duvidoso, mas o bom do fim, propriamente dito, é saber que ele abre espaço para um novo começo do seu jeito, mesmo que fiquem saudades, amores antigos, mesmo que fiquem rosas ainda vivas no quarto, fotos, cartões perfumados, mesmo que fiquem rostos turvos e confusos na mente e mesmo que sentimentos se vão e fiquem vontades não descobertas.

domingo, 19 de abril de 2009

querer mar

Pois quero ser algo de não saber
Já ei de amar algo de não querer
Se um querer em um não amar
Aparecer, num transcender será
Algo de muito amar
E muito querer.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

des carrego

Esse é meu melhor horário, aquele em que sinto uma fominha resultante de umas mordidas longínquas do jantar que pouco me recordo, mas na verdade é o melhor horário pra dizer que as minhas costas já doem de tanto cambrè na aula de ballet e de tanto ficar sentada escrevendo e queimando os neurônios à respeito do Capitalismo, de Marx, das partes que com Hegel concordava e... nada disso importa, me perdi.
Tava pensando movida a muita cafeína e chocolate com menta que tudo o que queria agora (sim, agora, 2:11) era uma sala de ballet, onde, depois desses textos escaldantes, pudesse por uma suite de Bach e dançar até acabar a música, mesmo com as costas doloridas e os pés cansados. Eu estava pensando em quantos advogados bem sucedidos de 45 anos existem, quantos músicos compuseram suas melhores sinfonias só depois dos 60 e quantos médicos aos 65 anos salvaram pacientes pelo simples tocante da experiência. Quem dera bailarinos fossem ficando melhores ao sabor do tempo. Às vezes esqueço de viver tudo que existe de mais gratificante em dançar agora porque esqueço que um dia, mais cedo ou mais tarde e nem tão tarde chegue o timming de pendurar as sapatilhas. Não negaríamos nunca as lembranças, conselhos e até cada um dos tapas de grandes mestres, por mais que aposentados. Como imaginar o fim de um dia livre da exaustão física, sem o sentimento de alívio, de vazio e de cumprimento de uma missão? Bailarino durante um dia... missão o suficiente, garanto. Falando em mestres, conselhos e etc, nunca esqueço um deles que, por sinal, foi o que me trouxe aqui hoje: "O caminho que você percorre é do tamanho do seu sonho". Sonhar é maravilhoso, viver um dia de cada vez ao percorrer esse caminho é melhor ainda, por isso agradecer é o suficiente, por viver mais um dia de uma arte que me constitui, constrói.
Trago impresso na alma esse amor, que é único e máximo, por mais que certas coisas se percam no tempo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Jan Saudek

Outro dia estava catitando pelas minhas comunidades e lembrei de algo que ainda não tinha trazido pra cá. Através de emails e mais emails com um amigo e ex professor queridíssimo, Michel Pinho, mais um super nome da fotografia paraense também, pude conhecer o trabalho de um dos caras menos convencionados da fotografia tcheca e queria deixar aqui pra que mais pessoas possam conhecer seu trabalho.

Uma breve biografia de Jan Saudek é dizer que nasceu em Praga em 1935 e comecou a trabalhar com pintura, desenho e fotografia por volta de 15 anos depois mais ou menos, fotografando conhecidos e familiares nas mais inusitadas situações, além de trabalhar com momentos inspirados em filmes de Georges Méliès, um ilusionista francês e precursor do cinema em seu país que usava muito de inventos fotográficos na criação de seus cenários e mundos fantásticos, o filme de Méliès que mais ficou conhecido foi Le Voyage la Lune, no qual usou dupla exposição do filme pra obter efeitos visuais e especiais super inovadores pra época de 1902.

Bom era isso! Vou deixar o portfólio, hoje Saudek mostra a mentalidade inovadora, chocante, às vezes agoniante, confesso, e exótica de um artista de 74 anos vividos sob uma mentalidade mais do que expandida e 59 anos fotografados.



Na imagem, trouxe uma das mais polêmicas, A Nova Pietá, na concepção do artista e pra quem a aceite. Bastante distante da escultura de Michelangelo e da visão quadrada, sentimental literal. Saudek traz essa proposta de imponência à Virgem Maria, seja na expressão, na posição, na fortaleza que expressa, na ausência das roupas e no que mais possam notar, essa é apenas uma das que vale a pena conferir.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

t, em, po.

Quando eu te tocar, beija todo meu corpo, esquece o tempo, vem me amar..