quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Agora Tá

Não é nenhum aviso, estava escrito nos orixás. Não foi Caio quem me disse, nem foi Clarisse. E isso nem é sobre ausência. Eu deitei perto da piscina pra ler certo nas estrelas e elas me disseram, uma a uma, que era pra eu me despir e sair na rua. E que você mal ia notar, aliás.. ia. Mas notaria também a moça que derrubou aquela garrafa esverdeada na outra esquina do bar, o garçom que vai andando meio trôpego e que não perdeu aquele ar de tropicalista incandescente, você vai notar aquele homem que entra quase derrubando a porta e junto, com a porta, todas as mulheres das mesas porque ele sim, chegou deslumbrante. Você vai notar que é Chovendo na Roseira o plano de fundo. E que a Elis em certo ponto, estava tão bêbada que mal completou o quarto verso. Vai notar que o gato da Dona Íris pulou o muro e correu no batente. Que hoje a maré deu cheia uma hora antes. 

E aí eu vou notar que você vai gostando enquanto eu vou tirando o resto da roupa, que você vai colocando a mão conforme eu vou guiando e que não gosta que eu vá, bem no fundo. E que vai deixando de notar se a porta bateu ou não no pé do criado mudo. 

Mas e se eu começar a notar que são quase cinco e cinco e que é Águas de Março? Você não está ouvindo? E o seu relógio caiu no chão sem querer. E hum.. é o Mario passando ali do lado, ele está mais rico do que nunca, o Mario. Depois que herdou todas as ações da empresa do avô, então. Eu posso notar os dois rabos de saia que passaram e decidir qual comer e qual olhar. E se meu coração palpitar algumas vezes no ano novo quando eu avistar o Armando na praia? Pelo simples fato de ter sido o Armando.. porque tivemos uma relacionamento mal resolvido. Eu me sinto assim quando eu vejo o Armandinho, você se importa? É só um tremilique bobo. Você sabe. Opa! Eu lá deixei trocar a música, Maria do Maranhão? Não atrapalha o Meio de Campo. Chama o Menino das Laranjas porque eu notei que uma escapuliu e caiu aqui no meu gramado. Mas avisa que também notei que ele nem ligou porque estava de olho naquela Mulata Assanhada que passou de lá pra cá e ô.. que coxas, Maria Rosa. Vou te contar. É essa a sua cabeça?

No Dia em que Eu Vim Embora, quando peguei o Trem Azul. Foi que você notou só uma coisa, finalmente, parou de tremilicar feito Vinícius. E dessa penca de sentidos que você usou tanto pra notar tudo em volta, só sobrou a fumaça cobrindo os trilhos. É, Flora, Sabiá piou e você mal ouviu. Tinha uma coisa ali dentro piando, batendo mais alto. E aí não tinha mais condições de fazer o Retorno e eu te digo... nessa Andança Quando eu me Chamar Saudade é que você vai notar o que tinha pra ser devidamente notado. Podia também eu ser versátil com você, dar 5% de mim pra cada... Tem Dó dessa puta perda de tempo.

E aí não saí da piscina. Fui pelas Três Marias, pelas 88 constelações, quando cheguei em Octans, descobri que qualquer uma que eu colocasse na sua frente poderia ser uma boa metáfora - que você sequer ia entender - mas que ia me fazer sorrir como se nada tivesse acontecido, como se eu tivesse dito tudo e pronto. Foram quantas músicas? Depois vou contar, se eu não acabar me perdendo no número de rosas que Tio Otávio pôs no tapete perto da porta ou com a conversinha calma e amigável que ele teve com a ex-mulher. A possibilidade de chegar muito perto dessa Mania de Gostar.
66%

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

De vez em quando você falta.

Decifro pra quem escreve

Evidentes? Hum! Quando o universo ainda está sendo generoso comigo! Ah sim, ele e eu temos uma relação estreita de conspiração. Os astros me disseram que perdoo rápido demais, mas não esqueço. Lembro de poucas coisas e isso não é virtuoso. É fácil se perder meio a ausência de palavras da calmaria, aos mistérios. Rotular de Câncer. Paixão? Meu segundo nome, que em inúmeras e aproveitáveis vezes entra em erupção. Ele, tão profundo em mim que pra tocar - digo, amor - faz-se necessário estar mesmo disposto a mergulhar de uma vez. Não há nada que mais me irrite do que 'mal resolvimentos'. Não tenho tempo. Resoluta. Colérica. As teorias conspiratórias da Segunda Guerra Mundial murmuram entre as paredes com pouca convicção. Eu vejo nos textos, leio nos lábios todas elas. Por que não tornar o hoje mais impessoal? Eu vou cansando.

Só uma repaginada.
Eis que vem o fantasma que me fez, a machadinha ainda no crânio. Tu podes deixar o chapéu na cabeça, sei que tens um buraco a mais. Eu queria que minha mãe tivesse tido um a menos, quando estava na carne: eu me teria poupado. Dever-se-iam costurar as mulheres, um mundo sem mães. Nós poderíamos nos chacinar em paz, e com alguma confiança, quando a vida se torna longa demais para nós ou a garganta estreita demais para os nossos gritos. Que queres tu de mim? Não te basta um funeral solene e oficial? Velho resmungão. Não tens sangue nos sapatos? O que me importa o teu cadáver? Contenta-te que a alça está de fora, talvez acabe mesmo chegando ao céu. O que é que está esperando? Os galos foram abatidos. Não há mais amanhecer.
Aquela que o rio não conservou. A mulher na forca. A mulher com as veias cortadas. A mulher com excesso de dose SOBRE OS LÁBIOS NEVE a mulher com a cabeça no fogão a gás. Ontem deixei de me matar. Estou só com meus seios, minha coxas, meu ventre. Rebento os instrumentos do meu cativeiro - a cadeira, a mesa, a cama. Destruo o campo de batalha que foi o meu lar. Escancaro as portas para que o vento possa entrar e o grito do mundo. Despedaço a janela. Com as mãos sangrando rasgo as fotografias dos homens que amei e que se serviram de mim na cama, mesa, na cadeira, no chão. Toco fogo da minha prisão. Atiro minhas roupas no fogo. Exumo do meu peito o relógio que era o meu coração. Vou para a rua, vestida em meu sangue.
Vou te contar. Tu ligas uma vez por ano sempre assim 'liguei pra te desejar feliz natal, feliz ano novo', conto a minha vida, tu contas a tua. O 'te amo', bem... esse tu engoles e mandas por mensagem depois. A gente segue assim, bem distante. Eu gosto disso. Gosto dessa distância porque faz cada ligação ser melhor que a do ano anterior, cada torcida mais verdadeira.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Sabe paciência quando acaba? Essa sou eu, tolerância zero. E tudo vira normal e uma risadinha.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não agüento
Você está tão curtida

Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita


Traz meu café com Suita, eu tomo
Bota a sobremesa, eu como
Eu como, eu como, eu como, eu como você.



Tem que saber que eu quero é correr mundo, correr perigo
Eu quero é ir-me embora. Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo



E quero que você venha comigo




quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

CFA

O tempo é que mostra o que realmente valeu a pena, o tempo nos ensina a esperar, o tempo apaga o efêmero e acaba com a dúvida.

dos Estúdios Abbey Road

Lembro de ter conversado algumas vezes com o meu padrinho a respeito dos estúdios Abbey Road. E aí que hoje, 12:35h, leio a notícia de que a faixa de pedestres, motivo da capa do álbum dos Beatles de 69, virou finalmente patrimônio inglês. Era de se esperar, não só pela repercussão turística. Se os estúdios já eram patrimônio do Reino Unido, por que não a faixa?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

General rehearsal, não tem preço.

Eu tenho outro mundo bem na palma das minhas mãos. E quanto mais me sinto repreendida, mais mergulho nele. Sensação da mente se esvaziando de fato.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

eu lembro bem dos teus olhos me reprovando. Não me venhas, tu, com essa palavra. Com essa tamanha baboseira pra me fazer sentir diminuída. Eu já sei que é assim que você quer que eu me sinta e por isso, não me sinto. Só por isso, acredite. Porque se eu levasse em conta todas as vezes que tu me olhaste assim poderia jurar que por dentro você estava gritando que eu era pior, bem pior do que tudo que tu criaste pra mim. E que eu não correspondia as tuas expectativas e que eu poderia mesmo me esforçar mais e não fazia. Acontece que todo o meu esforço, uso pra outra coisa. Paciência. Estou dividida, mas entenda bem isso como "momento". Não há palavra melhor do que "estado".

Ah, se você pudesse entender.. facilitaria. Mas qual seria a graça, não é? Eu chegaria em casa, você levantaria pra fazer o jantar, conversaríamos sobre minhas marcações de palco, falhas técnicas, eu diria sobre como o iluminador deixou a desejar e você estaria ali. Talvez estivesse realmente interessada ou talvez não. Eu dormiria com menos um estresse na cabeça e conseqüentemente menos uma barreira.
Pois que venham todas elas.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Como diria Drummond, as leis não bastam. Os lírios não nascem das leis.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Birds again and again. It is in my head but i can't tell you.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente. Preciso conduzir um tempo de te amar, te amando devagar. E urgentemente. Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez. Prometo te querer até o amor cair doente, doente... Prefiro, então, partir a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente.

Quando a minha garganta fecha, chama Chico e ele acaba dizendo.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

02dez2010

'Humildade, dedicação, esforço e disciplina. Foi o que vi em você hoje e espero continuar vendo'

'Não tem nada mais honesto que dançar. No momento em que o bailarino pisa no palco você já sabe se ele trabalhou ou não. Não existe sorte. Cada um busca a sua sorte e transparece a sorte de mereceu.'


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quando o cansaço me acomete, é de você que lembro. Foram tantas noites que, lado a lado mal podíamos dormir. E aí que sinto aquela contração das suas coxas entre as minhas pernas e parece que você, feita pra estar ali, se despede de mim, assim tranqüila, sem mais. Eu poderia perder o vôo em Brasília mais algumas vezes e esquecer de voltar e ficar com você e estruturar nossas expectativas.. Aliás, minhas expectativas.

Tenho frases suas gravadas - de uma delas já me apropriei antes: 'feita pra estar ali' - 'você me faz ter...', '...de outro mundo', mas a mais gravada de todas desses últimos dias é 'sem mãe, não é?' e eu fico repetindo o tempo inteiro na minha cabeça essa metáfora sensacional. Não é, no meu peito, não é. Tento abafar os planos, as expectativas que me ficaram mais claras e que viraram vontades imensas. Intensas, somos. Tento focar no 'eu sabia que não íamos viver muito'. Eu restringi seu coração tanto assim? Não tenho muito tempo pra ligá-lo na tomada de novo. Na verdade, eu tenho muito tempo pra ficar longe, pra abrir espaço pra você viver outras coisas. E se você está tão tranqüila, vai ser easy. To aqui procurando uma tomada e aí você cabeça, eu coração. And now, what?

Parar e viver, sem meios clichês, dia após dia como se fossem os últimos não das 'nossas' vidas, mas da 'nossa' pequena e incendiária.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Just wanna drive you home, take your hand and make you complete.

domingo, 28 de novembro de 2010

Conclusões do dia:

1) A gente sempre perde um tempo precioso focando na dificuldade do problema.

2) Mulher, um bicho que mente descontroladamente.

3) Sexo é algo pra ser feito todos os dias.


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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

você deságua em mim e eu oceano.
e o resto.. as coisas que..
When things fall down
Addiction
When things get better
Balance
Breathe
Refuge
It's just my parallel universe
(put over my feelings).

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não quis que parecesse menos importante, foi como uma interferência su zu shi xxzzhhfamília zzzxxxssdireito sszzaamorzss. Minha cabeça parou. Passei o vôo inteiro pensando numa maneira heróica de agarrar o mundo inteiro com as pernas. Não consegui nada além de organizar algumas coisas, como: 1) preciso viver você 2) preciso acabar esse semestre 3) preciso fazer fisioterapia indefinidamente 4) preciso estar perto da minha família 5) precisamos.. x.

Acordei sentada, com uma baita dor na coluna e com a cara enfiada no livro de processo. O celular sem bateria na mão, foi a primeira coisa pra qual olhei quando acordei. Liguei o piloto-automático. Levantei, tomei um banho, fui fazer prova. Claro que sorri algumas vezes, assim nem tão tranquilo. Passei a mão no cabelo. Quis que fosse o teu cabelo. Era o meu.

 Fiquei pensando se todos os nossos dias seriam uma despedida estampada-final-de-ontem ou se iríamos continuar vivendo desesperadamente todos eles, um por um, cada segundo, mesmo sem saber o que pode acontecer de fato. Como sempre-fizemos. Quando acordei, esperava estar deitada, olhar pro lado e te ver. Como desde-sexta-feira. Bom dia, amor, ouvi.
A gente ri tanto, dança tanto, tanto. (amor) Tanto.(toque) Tanto, tanto. Não seria um terço homem, um terço cavalo, um terço caranguejo se não fosse pra ser intenso. Ontem a lua estava... Não é raiva que eu sinto quando falo mais sério. É um excesso de cuidado que tem transbordado dos meus bolsos desde o início, com várias coisas. E que eu tenho procurado umas seis mãos pra segurar.

Close, play. Te levo em casa.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

The Winger, por Justin Peck

Tem um quê de você que eu gosto demais. Esse jeito de não se importar com nada, de achar lindo-chuva. De explodir suas emoções todas as vezes. Tem um quê de você que eu gosto. De sentar na mesa do almoço e dizer 'tira a blusa pra não sujar' e de colocar a música do outro lado da mesa. Tem um quê de você que eu amo quando acelera na contra-mão e grita alguma coisa até que eu me perca nos decibéis e eu falo tudo o que você quer ouvir e tudo o que eu quero falar segurando firme na porta e sem medo de ser sua amiga. Reclamo que você não cresce, mas quero mesmo é que você não cresça. Fala umas coisas sem sentido. De olhinhos curtos, vermelhos. Eu gosto do jeito que você ama, que você pergunta. Gosto do jeito de como somos diferentes. Confio em você e nos seus cabelos loiros voando perto da janela do carro.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A onda ainda quebra na praia. Espumas se misturam com o vento. No dia em que ocê foi embora eu fiquei sentindo saudades do que não foi, lembrando até do que eu não vivi, pensando nós dois. Eu lembro a concha em seu ouvido, trazendo o barulho do mar na areia. No dia em que ocê foi embora eu fiquei sozinho olhando o sol morrer, por entre as ruínas de Santa Cruz lembrando nós dois. Os edifícios abandonados, as estradas sem ninguém, óleo queimado, as vigas na areia, a lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos, por entre os dedos da minha mão, passaram certezas e dúvidas.
EEDMO 1971

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Réplica

Alguma coisa fugiu do controle em algum momento. Procurei alinhavar cada um dos cantos pra não te machucar, mas tu chegaste com uma tesoura, cortando todas as linhas. 

Ficou meu cheiro no teu livro - no que eu te dei - porque pus as mãos nele. Pus mesmo, abri, passei os dedos entre. Olhei. Li. Escolhi umas partes pra não me esquecer. Esqueci de algumas que escolhi. Tudo isso pra me certificar que fosse ser do teu agrado. 

E se tu tivesses me deixado voar-borboleta? 

Também tem alguma coisa muito boa de ti dentro de mim que me faz gostar tanto de te encontrar até que eu ria bastante, sabe como é? Uma coisa que é mais pra carinho. Mais pra amor de verão mesmo, de inverno, urbano, de hora e meia. Acontece que eu pausei o filme na primavera. Alguma coisa tão boa que ficou me faz crer na pessoa que tu és, que eu acho que tu és, que eu confio que tu sejas. E não naquela mulher craque em manipular as situações, cutucar as pessoas, criar climinhas. Isso tu sabes bem também. (...) Então, ora.. quase que eu me perco. (...) Em algum momento eu me liberei. Me liberei e fiquei só, porque precisei ficar leve ou eu não seria minha. Porque de alguma maneira quiseste me prender-borboleta num copo de vidro... Aí me senti mal porque não podia corresponder a tua vontade e estar lá. Achei, no início, que fosse porque minha asa tinha listras vermelhas, mas aí tu me disseste que não. Que teu jeito era esse mesmo, que gostava dos copos, não das asas. Isso não me diminuiu. Sei que se eu estivesse  enrolada na linha que você cortou, isso ia ter, pelo menos, ferido meus 30% leonino. Cuja palvra-chave é ego, dos dois aos vinte e nove. Me senti aliviada na hora, inclusive. Mas isso também não mudou a situação. Continuaste com o copo na mão e quando quiseste largá-lo. (Quiseste largá-lo?) Bem, aí era tarde da noite e eu só tinha vinte e quatro horas, voei pra algum canto bastante sozinha, batendo as asas como se tivesse pressa de estar longe pelo menos por um tempo. Vi a chuva, transparente, entre as flores da primavera, toda amarela em volta de mim. E aí sim, tem algo de você muito bom aqui e tudo tá bem.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tênue. Eis que chega aquela região limítrofe entre o desejo e o coração. Uma pulsação desejo, outra coração. Desejo. Coração. Desejo. Coração.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tenho que optar entre ser bailarina, bacharel em potencial, ficar pra titia e viajar. Algo me diz isso.
Horas de sono: 3
Ligamentos rompidos: 2 e uns trocados
Provas: 7
Org.: ?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Let it be?

Incrível como um minuto pode ser muito e como das coisas mais certas da vida, a gente agarra insistentemente a mais duvidosa. Muitas coisas acontendo enquanto parece que nada acontece. É isso.. good news, but feeling strange. Queria tirar férias comigo mesma, me levar pra uma ilha só por um dia. Se eu queria dormir por tempo indeterminado, às vezes? Eu queria. São os pensamentos que fervilham em torno da cabeça e se você começa a se questionar sobre cada uma das coisas, acaba não parando. Não que seja ruim, sabe? Se questionar, eu digo. Mas que é cansativo, é.

domingo, 31 de outubro de 2010

Tap Americano

Som: http://www.youtube.com/watch?v=lSKc6wPfmls
Foto: Andrew Liebmann

sábado, 30 de outubro de 2010

Era tanta saudade. É pra matar. Eu fiquei até doente. 
Eu fiquei até doente, menina. 
Se eu não mato a saudade. É, deixa estar. A saudade mata a gente.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Terminei de ver Educação, estava lendo umas críticas e caí aqui: Mao's Last Dancer. Lembrei que não escrevi nada a respeito. Sempre tenho essa coisa de eleger o filme do ano. To em dúvida ainda, o ano não acabou, mas vou deixar esse aqui como um dos mais cotados. Cunxin Li, Jan Sardi e Bruce Baresford, valeu ein.. e olha que pra eu chorar vendo filme é uma luta.

sábado, 23 de outubro de 2010

O que era um filme posado? Era ficcional. E o casado era um documentário que a pessoa fazia e tentava vender para a pessoa que lhe tinha documentado. Havia casos em que era os dois, na época. É um trabalho histórico. "Pagu tinha os olhos moles". Fazer o quê? Senta e espera, Pagu. "Pagu plantava paciência, só não colhia. Mas que plantava, plantava". Agora as coisas nem são assim. Agora tem tudo de drama, ficção, romance, aventura. Agora tô até meio western, meio bang-bang, meio Norte-América, meio Kevin Costner. A gente nunca sabe o que esperar. Dou um tiro e enfio o pé na porta, 'dale' que vou entrando. Cuidado quem está por trás. Depois meio pornô, meio lá e cá, meio depravado. O que custa? É sábado. Te dou um controle agora, daqueles que só eu tenho, daqueles que você usa pra decidir o gênero. Foward.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça.

Alice:

“What does it matter that love is lost? Love is a song that trembles in the air and is caught by another. Love is a sweet melody that haunts those that like your singing. Let it go, and it will come again in another form. If you don’t let it go, it will never return, for a vessel that is full can never be filled. But a vessel that is empty can be filled with a rich new wine that you have never tasted before. And the new wine doesn’t destroy the memory of the old, but enriches your palate and your sense of having lived much. Unused palates don’t know good wine from bad.” (Ben Okri)
 
Dá pra ser mais Lua em Libra do que isso?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sleeping Beauty

Theatro da Paz - Belém PA
Datas:  16, 17, 18 e 19/12 (Sessões: 17h e 20h)

domingo, 17 de outubro de 2010

Tal Ben Ari é uma musicista - cantora e compositora - nativa de Tel Aviv (Israel). Residente de Barcelona, Tula, fez parte de alguns grupos, colaborou com artistas e participou de shows, como por exempo com Gema 4, capella Cuban quartet, etc. Consolidou uma forte carreira nos teatros da Espanha.

Eis a voz de arrepiar, vale conhecer:
 http://vimeo.com/4320320

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Playing for Change | Peace Through Music



Movimento criado para transpor as barreiras econômicas, políticas, geográficas, sociais e musicais. 
Com a intenção de expandir o poder da musica e diminuir as barreiras entre os homens, o projeto criou fundação própria em 2007 e hoje vem sendo desenvolvido por músicos ao redor do mundo interessados em eventos beneficentes, em conscientização musical e cultral em escolas de arte, etc. Reunindo e tocando. Tocando e unindo. Qualquer um pode agregar-se ao projeto Playing for Change e fazer parte do que ele tem de mais peculiar. Agregar através da música.

Vale mesmo a pena conhecer: http://www.playingforchange.com/blog

sábado, 9 de outubro de 2010

Acho o Círio uma ocasião sensacional pra mostrar o que Belém tem de melhor. É louvável (exatamente essa a palavra) perceber que de doze anos pra cá o turismo foi alvo de investimento do governo e a cidade, de fato, ficou mais bonita. Leia-se Estação das Docas, Onze Janelas, Mangal das Garças, etc. Mas e aí o trânsito? Belém tem suas qualidades ressaltadas, outubro chama turistas e o trânsito continua sem um bom planejamento. Não existe 14 de março, a 9 de Janeiro fica um caos completo porque precisa compensar a lotação da 14. A Alcindo Cacela virou a via dos 'desistentes': não vou mais a doca, o trânsito está caótico.. ok.. volto pela Alcindo! Entre outras situações que também contribuem pra ela estar normalmente crowded. Consequentemente a Governador José Malcher, que já é por si só uma via movimentada, fica três vezes pior. A Nazaré então... não vou nem comentar. O trânsito de Belém já para normalmente, já tem suas mazelas, não flui em algumas vias. Imaginem só como está agora. Estou quase acatando sugestões familiares de sair de bicicleta.

Mas aí tem os assaltos.. ah.. fica pro próximo.

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

All the stars may shine bright
All the clouds may be white
But when you smile
Oh how i feel so good
That i can hardly wait
To hold you
Enfold you
Never enough

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sempre dói mais ter algo e perdê-lo do que não ter aquilo desde o começo.


Ponte Aérea

Uma surpresa e tanto. Bar. Um bilhão de palavras. "Tem coisas que merecem destinatário e remetente e tem coisas que não merecem". Como esquecer. Festival de cinema. Voz. RJ. Praia. Cerveja."Você confiará em mim e eu confiarei em você".


01h02min


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Já posso voltar?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

La flor de mi secreto

  Quando termina uma temporada de espetáculo e etc sempre venho pra cá com a cabeça fervilhando. Reclamo horrores dessa vida dupla, me prejudico um bocado nos mais variados aspectos e quando termina, a primeira coisa em que penso é "puts, chegou a hora de resolver tudo o que ficou pendente". Ninguém disse que eu era boa com prioridades. Vou dando um jeito aqui e ali, tentando resolver tudo ao mesmo tempo e quando acaba to com um sorriso de orelha a orelha. No fim, tudo compensa. Essa vida é toda cheia relatividade mesmo. Organizar as coisas na cabeça é a alma do negócio: lá vou eu e o simplismo again. Às vezes penso demais (às vezes de menos, vale considerar). Nessa onda de picos e depressões as coisas vão acontecendo e acho, sim, que da melhor maneira.
  Nunca tive problemas demais pra colocar as coisas em ordem. E talvez minha bagunça pessoal não reflita muito isso (confesso que olhei pra cima da cama nesse minuto e soltei uma risadinha). Minha cabeça é tão funcional  em alguns casos que às vezes tenho medo. Veja bem, funcional e superficial são coisas diferentes. É só como se não tivessem milhões de roupas sobre a cama, milhões de sapatilhas espalhadas pelo chão,  revistas empilhadas, umas três havaianas sob a escrivaninha, uns dois livros sobre. Acho que eu, de fato, transfiro toda bagunça pro externo, enquanto o resto fica bem tranquilo. Até queria ter ataques de nervos de vez em quando, mas quando não me permito, não tem quem faça. "Não sou cinematográfica". Nossa, não mesmo. Não transformo nada em espetáculo. Talvez porque já tenha que lidar com tantos ou talvez porque entenda que pouquíssimas ocasiões mereçam os meus. If I could, I'd make your trunk. If I could, I'd keep you safe.
  O melhor de tudo é sentir esse vento entre meu cabelo e minha orelha e pensar 'problems solved' (?). Consensualismo é isso. Aquela velha história. Acertei os ponteiros numa noite boa, numa ocasião não planejada... num colo... e depois disso, eles giraram cada vez mais rápido, sem parar e em sentidos contrários. Que trabalho consertar essa engrenagem.. confesso que  gastei meu tempo pensando nessa solução e... sendo bem sincera? Precisaria de uma maozinha. Logo, nada que um sorriso, um abraço e uma mesa (entre)  não resolvam enquanto a exaustão não chega. I feel lighter. Essa é minha maneira já que não posso por a mão na chave e apertar os parafusos. 


  

sábado, 2 de outubro de 2010

Pior é que o discurso é irreversível. A gente não desdiz depois que disse. Eu falo muito, te escrevo até demais. Esse negócio do sujeito ficar fazendo laço com o outro. Já fiz uma bola de fios e me perdi, me enrolei. Me prendi. (...) Perdi o hábito de te escrever por vários motivos. Arrisco dizer até que perdi o tesão. Aliás, não devo ter perdido não, porque aqui estou eu. Sujeito na psicanálise que sempre se repete. Desconhecida.. querida, li num quadro de Duke Lee, aquele pintor que te falei - "A justa medida é a mensagem". Será?

Não temo o novo.
Esses malditos correios também não ajudam nada.
Carmen foi a última e mais famosa ópera de Bizet. Capaz de revelar toda a rebeldia, sensualidade e fortaleza concernente a figura da mulher, é uma peça de autoria compartilhada, cujo libreto é de Henri Meilhac e Ludovic Halévy. 
Enigmáticos, os personagens interpretam o enredo baseado na novela homônima de Prosper Mérimée. Carmen, a cigana, utiliza o mais erótico de sua feminilidade pra enfeitiçar todos aqueles que cruzam seu caminho. Don José, é um destes homens que, perdido de amor, perde-se também na vida, afastando o homem decente que se refletia na sua posição de Cabo do Exército.
Dale, Cuervo, Tequila, Maldito, Pinga. Anda! As facas, os tapas e os corpos vão voar.

O amor é filho da boemia
Ele nunca jamais conheceu leis
Se você não me ama, eu te amo
Se eu te amo, tome cuidado
Carmen, de Bizet.
Theatro da Paz - Belém PA
Montagem: Humberto Teixeira (professor e bailarino do Sesi Minas. Em seguida, permaneceu por dois anos na Companhia Brasileira de Dança do Rio de Janeiro. Foi bailarino da El Paso Cia de Dança, no Rio, onde trabalhou com os renomados professores Sérgio Lobato e Angélica Fiorani. Em 2006, partiu para a carreira internacional. Integrou a Columbia Classical Ballet, South Caroline, nos Estados Unidos, como primeiro bailarino. Até o ano passado atuou como bailarino e coreógrafo da Badisches Staatstheater Karlsruhe, Germany. O professor também foi o vencedor do prêmio Walter-Fink, Alemanha, como o melhor projeto de 2009).


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sob, sobre, em..

Escolhendo nosso destino. 'No primeiro abraço e eu já fazendo planos'. So let me touch you one more time. 'Quero viajar com você'. Sweating all night long.






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domingo, 26 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Impuro, imperfeito, impermanente;
Incerto, incompleto, inconstante;
Instável, variável, defectivo

Não feito, não perfeito, não completo;
Não satisfeito nunca, não contente;
Não acabado, não definitivo

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

As invasões bárbaras

O tempo é muito lento para os que esperam, 
muito rápido para os que têm medo, 
muito longo para os que lamentam, 
muito curto para os que festejam. 
Mas, para os que amam, o tempo é uma eternidade.


Hot as a fever, rattling bones.
I could just taste it.. taste it. 
If it's not forever. If it's just tonight.
It still the greatest. You...Your sex is on fire...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Suddenly, supertramp

Let me tell what I want to say, you're the only one who can make me feel this way.Comigo é assim, mexeu com meu lado leonino, já era. É um chute na cadeira em que sento... me faz cair só que, de repente.. sem dor, surpreende. Que leonino não é cheio de si? Pra primeira vez que você vem pra cá, eu posso dizer.. intensidade não faltou. Já comecei a te escrever com minhas palavras, aquelas só minhas... e quando acontece, procuro prolongá-las. Quem melhor que você pra posicionar a estrela em vênus? Não tem. Os astros completaram: sol, lua e meus planetas.
Não há quem não mereça conhecer o trabalho do Gene Schiavone. Da arte de captar os segundos mais efêmeros, ele é mestre.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

   Quando tu encheste a minha taça.. já ia embora meia garrafa por mim, meia por ti. Matei a fome antes, com a pizza que fizemos - isso se 'fazer' inclui eu ir comprar os ingredientes contigo e voltar gargalhando no carro por algum acontecimento fatídico, depois desviar de um ciclista na contra-mão e xingar um ônibus em alta velocidade. Tu nunca te importaste de eu estar só de blusa de botão e amar arrastar os chinelos andando corcunda pela casa. Eu nunca me importei com as tuas piadas-sem-graça e continuo não-me-importando. Se eu pudesse assistir a tudo deitada, debaixo da cama, teria visto o vinho respingar no chão.  Teria visto a tua mão conduzindo a garrafa pra um lugar em que eu não fosse chutá-la. Eu teria visto a minha mão agarrando a tua coxa. A tua mão levantando a minha blusa. A minha mão abaixando a tua calça. A tua mão soltando o meu cabelo. A minha mão apertando a beira da cama. A tua mão arredando a almofada. A minha mão. A tua mão. A minha mão. Na tua mão, a minha mão. Na minha mão, a tua.
   Se eu olhasse pra trás, o mundo inteiro girava embaixo do lençol gelado, o vinho pingava, eu ouvia. . Até que duraram mil segundos. Marcada. Ferro. Fogo. Frio. Me rabisca o corpo todo. Carne-viva. E tu falaste que gostava do jeito como eu te segurava a taça. Eu disse que não tinha narizinho mais bonito que o teu. E ainda não tem. E a lua. Aí ficou aqui, a tua sombra na parede ao lado da cama, o teu cheiro do teu lado da cama. Ficou a minha mão na tua, a tua, na minha.
   Aquela dedicatória na primeira foto que tu produziste estava de frente pra porta, na prateleira hoje. E aí eu entrei, olhei e tomei um café pra te lembrar o gosto. Num sorriso que tu viste. Som que só tu escutaste. Toque que só tu sentiste.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tu me dis que tu m'aimes. Aujourd'hui tu le crois. Tout ça vaut-il la peine? D'autres se sont lassés avant toi. Pourquoi donc vouloir à tout prix que je sois différente? Pourquoi me vouloir plus jolie ou plus intéressante? Regarde-moi bien, ça n'est pas ma faute si je ne suis rien. Qu'une fille comme tant d'autres.


domingo, 12 de setembro de 2010

O que custa ser fugaz mais um pouquinho? Let me see your hands. Wake me up. Um beijo é uma troca de estímulos. I wanna be.. E o fôlego disse: até breve. E os ouvidos.. Vários índios latino-americanos morreram sem um mísero museu do holocausto. O controle de constitucionalidade.. Let me see your face one more time. Viver é bom demais. Me beija. Elvis não morreu, meu bem. Risos. Whatever it means. Na mesa ao lado: Portinari. Leaving on a Jet-plane. Bjork. E o fôlego diz: Adeus.




sábado, 11 de setembro de 2010

Um casamento dura o tempo do desejo. O desejo dura até surgir outro desejo. E nada dura pra sempre.
de Histórias de Amor duram apenas 90 minutos.

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Eu voaria atrás de você. Talvez fosse paciente em mil diálogos, mas certas coisas talvez devam ficar entre aquele muro de amizade e de paixão, que se cruza de vez em quando. Pra sermos cada vez mais 'nossas'. E não me importa mais nada, além da sua risada em clima seco e dia frio.

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Quando sinto que já está apagando bato palma mais duas vezes, faço barulho, pra ver no que dá, pra ver se acende. Como diria Martha Medeiros "Aquele amor poderia ter me matado, como mata centenas de mulheres por aí. Certos amores não passam de uma bomba a ser ativada a tempo" Eu substituiria amor por paixão e tudo resolvido. Inativa. Ou mesmo aquela coisa meio divã: ''Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte..'' Bati palmas pra deixar essa vontade de 'crash' no ar. Se vale o o cansaço? Vale nada. Se vale a espera? Vale menos. Se vale o desejo?

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Certas pessoas ainda são tão tímidas que não me arrancam nem meia palavra. Talvez por culpa do tempo que é mínimo, mísero, mas é todo. E aí que não quero escrever antes do tempo pra não subestimar o que pode acontecer. Porque eu, sim. Sou campeã em fazer isso. Não recorro a ninguém, nem Martha, nem Drummond, nem Caetano aqui e ali. Essa eu quero escrever com as próprias mãos e sentir com as próprias palavras, ou - quem sabe - o contrário... escrever com as minhas palavras e sentir com...

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E o BUM! é todo seu
Ouvi que quando você chegar, no mês que vem, vai tocar minha campainha sem avisar. Disse ser mentira. Era medo de eu te reprovar? Por mim você pode arrombar a porta. Não tem problema. Eu mando trocar a fechadura. E aí você pode arrombar de novo e de novo e de novo. Arromba ou eu deixo escancarada. Eu guardei aquele: ''não adianta, não quero saber com quem você vai estar porque quando eu chegar...'' É, guardei. Quando você chegar, chega logo. Chega rápido. Comigo é assim, pode enfiar o pé na porta e entrar meio ariana que não adianta, não vou esquecer o que os astros prepararam pra gente. Muito mais 'eu' do que eu esperava. Menos aquário e mais 'eu'. Não quis dar vazão ao que tudo isso me causava porque senti o peso dos quilômetros entre nós. E comigo é assim. Se não arder, não funciona. Mas só de ler você toda semana, alguma coisa aqui acendia, ardia pequenininho. "Eu santa, sou gelada". Gelada mesmo, de não sair nada quando preciso responder a uma pergunta, de engolir cada palavra de propósito, de não falar nada, de apagar tudo o que acende. Mas "eu à toa, sou tua".

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Você Búzios. Eu Belém. Se esses 'B's se encontrassem.

Zafón

Não se venda barato, que em noites assim tudo parece pior do que é.
Imaginei meus dedos acariciando seu pescoço, explorando um corpo que havia memorizado por pura ignorância. Dei meia volta disposto a abandonar os seis anos de fantasias.. A noite fez-se densa e impenetrável, a chuva uma mortalha de vapor. "Por uma mulher assim qualquer um perde o juízo..." Pus-me a correr Ramblas acima com apenas um pensamento na cabeça: Clara. Se tivesse parado pra pensar, teria entendido que minha devoção não era mais do que uma fonte de sofrimento. Talvez por isso a adorasse ainda mais, por essa estupidez eterna..

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Chico,
Você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.

Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente sergovernados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,
Zé Danon



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terça-feira, 7 de setembro de 2010

- Volto à pergunta original: que é saber?
- Respondo com outras palavras, sem pretensão de dizer tudo: saber mesmo constitui mergulho no silêncio, que é música, a música que só pode e só deve ser sentida, e, nunca definida ou formalizada.
- Mestre, como  posso  transmitir tudo isso aos outros? Quero ser útil....
- Sendo tu mesmo, isto é, reassumindo tua função no Universo, comunicando naturalmente na linguagem inarticulada do amor em acção, que vale a pena viver dando o melhor pela felicidade de todos.

TAGORE

"Grãos de Amor" de Ariston S. Teles
Quando o grego cruzou Gibraltar, onde o negro também navegou. Beduíno saiu de Dacar e o Viking no mar se atirou. Era o porto pra quem procurava o país onde o sol vai se pôr e o seu povo no céu batizava, as estrelas no sul do Equador. Negra praia brasileira, onde a morena gestante, filha do pescador, derrama lágrimas negras vigiando o horizonte. Esperando.Seu. Amor. Não se ama sentimento. Se ama quem provoca. Against Vinícius de Moraes, por um minuto. Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof, descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole. Me morro de amores, sim. Quando quero. Alzira Ô.  Nenhuma taça me mata a sede, mas o sarrabulho me embriaga, mergulho na onda vaga. Eu caio na rede, não tem quem não caia. Rostinho bonito, por aí tem aos montes. Adieu mon coeur. Abro livro na rua. Sete espadas, sete santos. Na cama, tenho nojo. Un repentir... Com minhas calças vermelhas, meu casaco de general, cheio de anéis. Ouço. Rolo pro lado. Tem beijo em todo canto. E sorriso. E respeito. E fogo. Pingo. Durmo. E não me importa, honey. Sim, eu estou tão cansado, mas não pra dizer que eu tô indo embora. Sinto seu cheiro na minha pele. Tudo não passou de ar... amarela, que desfolhou, perdeu a cor. Lara la la la la iá. Um segredo vale o quanto valem aqueles dos quais temos que guardá-lo. For u, everything. For me, nothing. Bateu o vento, plim! Nós perdemos a viagem. Stop.Give my children sunny smiles. Quem sabe tratar mulher. Troca. Tesão. Troca. Desencantou. Esquece o impossível, desperte o infinito em seu olhaaar. Larará Laláaa larar.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sms - 10:20

Uma sociedade em que o sexo foi liberado e o que é censurado é amar.

sábado, 4 de setembro de 2010

Tava cultivando muitos vícios. Acabei com a maioria, felizmente e infelizmente - Tu me dizes que vais à Cracóvia para me fazer crer que vais à Lemberg, quando de fato vais à Cracóvia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Love in thoughts

Paul e Günther são estudantes que querem viver com intensidade, sem admitir limites ou compromissos. Num fim de semana eles viajam para a casa de veraneio da família de Günther, onde Paul se interessa por Hilde, a irmã de seu amigo. Ela retribui o interesse, mas na verdade está tendo um caso com Hans, ex-amante de Günther. É quando Paul e Günther convidam vários conhecidos para uma festa, que termina de forma trágica.



(Baseado em fatos reais)

Filme do fim de semana, depois volto pra contar como foi.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

@RadioVanusa

Eventos podem criar divertimento. Twitter. Mesmo nos momentos mais infernais da TPM, ainda posso gargalhar com os tweets da @RadioVanusa na TL. O melhor de tudo é que como o humor é via twitter ainda estimula a interatividade. Ou seja, mesmo sem remédios, todo mundo quer ser um pouquinho de Vanusa na rede. O twitter se mostrou, de uns tempos pra cá, um dos veículos de informação mais completos da internet. De notícias ao humor. Simultaneidade. 


♪Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo. E com cinco, quatro, três, dois, um... VAMOS PULAR! VAMOS PULAR! VAMOS PULAR!♪ #RadioVanusa


♫A noite cai o frio desce mais desce mais um pouquinho, desce mais desce devagarinho!!!♫ [@ silvio_franca] #RadioVanusa


♪Eu era uma bêbado, vivia drogado hoje estou curado encontrei o rebolation tion tion o Rebolation...♪[@Gleen_ludmilla] #RadioVanusa


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

À la vonté

Para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, não há segredo humano que possa ser escondido. A verdade escapa pelos poros.
- Por que você se mudou?
- Because it was the right time for you to live by yourselves
- Thanks, dad.

- You have never been apart from each other, have you?

- Sinto saudades
- Eu também

- Eu te amo
- Por que você me ama?
- I love you because you are mine, because you need love.
- Eu te amo também


- Próximos demais
- O que você quer dizer com isso, Pedro?
- Ora Julieta, íntimos demais.
Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.

Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.

domingo, 29 de agosto de 2010

La traviata 1853

Baseada em A Dama das Camélias, romance de Alexandre Dumas F. de quatro cenas, 3 atos ou 4 atos. Conta um pouco do drama vivido entre Alfredo e Violetta, uma mulher mundana que envolve o roteiro com a pura intensidade que lhe é característica. Amor e morte são duas palavras que sintetizam a ópera de Verdi. Este não poderia tê-la tornado um drama mais envolvente em cada compasso que compôs.

Theatro da Paz - Dias 24, 26, 28 e 30/09

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

About third time

You should know that you're just a temporary fix, this is not rooted with you, it don't mean that much to me. You're just a filler in the space that happened to be free. How dare you think, you'd get away with trying to play me.

Eleições + risos

Com a liminar do STF que libera sátiras utilizando a imagem de candidatos em período eleitoral, o Brasil deu mais um passinho contra a censura. Assunto este que, diga-se de passagem, o país é campeão em adotar. E é adotar sim.. e não discutir. Entendo que humor com responsabilidade não fere princípios e que um ponto a mais no quesito Liberdade de Expressão não vai machucar ninguém. Ser político sem ser alvo público, pra conseguir é, no mínimo, necessário atar algumas mãos e amordaçar algumas bocas. Chega de 1969, não? Pode parecer exagero, mas não é. Com essa liminar o STF desatou mais uma das muitas mordaças que ainda se espalham pela legislação brasileira. Humor daqui pra lá, que mal tem? Mais uma imunidade política? Acho que a população não iria resistir. Humor no Executivo nunca faltou, venhamos e convenhamos.

(Depois dessa já estou esperando a liberação dos arquivos da ditadura. Hahahaha)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Deve ter alguma coisa que te impede de virar do avesso. Alguma coisa em que você não é bom, alguma coisa que te faz ter medo de errar. Eu acho que deve. Que você não é bom de cama? Isso eu já sei. Sei que odeia lavar louça e que no meio da noite, morre de fome. Sei que você tem um milhão de problemas e que todos eles são culpa sua. Sei que você sorri como se visse balões no ar quando recebe uma cantada. Me misturei. Ele sempre acha que todo mundo olha quando passa e que quem tem obrigação de ser educado, sempre tá querendo um beijo. Porque ele sabe que apesar desse jeitão, joga conversa fora como ninguém. Tem até o que tirar da conversa fora. É só tirar o que for interessante do que ele diz. Tão fácil. Pegar o resto, sabe, e jogar fora junto com a conversa. Desmisturei. Você nunca sabe do que eu to falando, quer conversar dentro, me pega e giz. A gente sai escrevendo.

sábado, 21 de agosto de 2010

Vocês não tem vergonha, não? Só fico sentado comendo pastel e tomando cerveja. Eu não tenho vergonha de comer tudo o que não presta. Menina, imagina como eu não sou por dentro? Mesmo assim vocês não tem vergonha de alimentar meu ego. Não é só porque eu sou poeta e diplomata, eu sei. Sou bonzinho. Além de tudo, sei que eu sou feio pra porra. Mas fico prosa quando falam do meu sorriso. Não sou um barrigudinho superficial. E o problema é esse. É que além de tudo, eu sou indeciso. E tem mais, eu sou Leão. Quando recebo uma carta lá do outro lado do país fico todo todo. Mas um ano é muito, São Jorge. Se eu fosse belém, eu dizia: Égua, acho que vou me apaixonando por aqui mesmo. Mas aí eu digo que aqui eu não quero ficar. E agora? Aí continuo escrevendo, beijando, lendo, comprando livros e empilhando papéis. Ah, sim. Você manda filmes, eu vejo. Você fala músicas, eu procuro. Mas eu sou só meu, viu? Entendi aquela coisa de que não dá pra ser dois em um só. "Das Unheimlich". Sabe, foi em 1919, mas Freud tinha razão.

V

domingo, 15 de agosto de 2010

acende a luz. Eu levanto e apago. Eis que as cortinas se abrem e a platéia congelou naquela diagonal infindável, eram piqués en dehors, en dedans, en dehors.. Você quis entender, encostada na parede do proscênio, sobre a tontura. Não fiquei. Não importa a quantidade de informações que aconteçam. Não importa a cor do cenário, aplausos. Não importam os canhões de luz desviando o caminho. Não importam os gritos. Acaba num balance em attitude. Estático. Quis falar grego, mesmo. Abro a porta e aí sim, fim. Deito, cheiro, vejo, toco e num risinho equilibrado, sutil, calado, durmo. E aí que você entra, balança as cortinas, bate os armários. Durmo. Se joga na cama, segura o lençol com toda a propriedade que tem, que eu te dei. E durmo. E como se já não bastasse me gira cento e oitenta graus pra direita, trezentos e vinte pra esquerda. Não, nada sobre tontura.Te ensino um dia como é: pra girar, é só escolher um ponto e marcar a cabeça.

E aí que você segura a porta em despedida com toda a força que tem.. e acende a luz. Eu levanto e apago.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ei, tem carta pra senhora.
A segunda foi a melhor que recebi, é bom me sentir perto mesmo sabendo que ainda vai demorar. Eu reparei em tudo, nos selos e reparei que no envelope você finge que a sua letra é mais bonita, ou então faz de fôrma, pro moço do correio não se confundir. Sempre me animo quando leio Av. Praia de Botafogo 360. Sempre viro as folhas das suas apostilas ao contrário e leio LATIN AMERICAN JOURNAL OF FUNDAMENTAL PSYCHOPATHOLOGY ON LINE. E aí eu fico orgulhosa por você estar aí tanto quanto você ficou pela audição de Nordhausen.

Rio de Janeiro, 23 de julho de 2010.

Tem um quê canceriano que me faz sorrir muito lendo as suas cartas, aquele de contar o dia-a-dia e dar atenção pra certas coisas simples, como a capa de "O livro do Riso e do Esquecimento". Eu quis scanear o seu desenho e guardar pra sempre. Quis que o papel nunca ficasse amarelo na vida! Sabe...Eu fico tão animada que sempre rasgo o envelope e, só pra constar, pouco me importam as linhas tortas e a letra apressada. Eu to ansiosa pela terceira, quero saber sobre o Milan Kundera. Quero saber o motivo da capa. Quero saber o que diz na quarta, quinta, sexta linha do livro. Quero muito.

(3 horas depois, 7 horas depois, tanto faz)

Sabe verão? Aliás.. foi mais inverno do que verão. É que eu ia dizer de amor de verão. Mas você foi meu de inverno, de dois dias, não importa. Foi um BUM! Porque você é desse jeito. Dá um passo de cada vez e isso me deixa na espectativa do próximo. Você não sai me engolindo com mil palavras. Você me faz perceber que é mais importante saber que você andou no calçadão tal hora do que as vontades que você sente. E isso me deixa confortável, sossegada e segura, me deixa canceriana ainda mais. Nossa, que overdose de astros. Que distância. Mas que sentimento bom. Incrível como você fez tudo ficar bom. Todos os momentos, sem exceção. E até a distância.. Se eu tivesse que pensar em um ruim, não conseguiria. No La Fiesta, a gente ganhando drink de cupuaçu, tentando falar em francês e eras.. que francês de merda o meu e o seu (mas já vou voltar a Aliança, me juro, me prometo)... mas pouco importa. Conosco as coisas acontecem não porque devem ou por ser importante que aconteçam. As coisas são importantes porque acontecem.

 Hoje fiz uma aula de balé muito boa, Brasília rendeu bem mais do que eu esperava, nesse sentido de preparação física, musicalidade, etc. Você vem em outubro? Vem na semana que eu vou dançar? Porque pelo vídeo nem vai ter graça. E sabia que to querendo ir ao Rio em fevereiro do ano que vem? Tenho umas gambiarras por aí. Em outubro decido, só preciso enviar uns emails e ter certeza. Então.. me escreve, pode escrever. Porque não tem nada melhor do que chegar cansada e ler como anda o Rio, como anda o seu apartamento e as coisas na UFRJ. Adoro contar os números que você coloca no canto superior direito das páginas. E adorei o selo da costureira.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

É que pra mim tanto faz, se você prende o cabelo ou se não prende, se dorme cedo ou se não dorme. Aqueceu o risoto? Quer mostarda? Se tira a roupa ou se não tira. Respirei fundo uma vez. Nunca fiquei arrepiada. Nunca frio na barriga. Me posicionei assim... pra assistir a tudo, enquanto nada se move. E aí eu olho pros outros lados, me divirto e adoro. E quando paro.. penso que a inércia me dá sono.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Décima quarta voz


Já não sabia mais qual mulher era. Quando o céu se fez cinza e as nuvens todas se juntaram, eu estava lá, inteira, olhando pra cima e esperando acontecer. Tirei as roupas, pus na mala e me mudei pra você. Num segundo senti como se estivesse no meio da bagunça, como se não tivesse arrumado a casa direito ou como se tivesse deixado a mala entreaberta e as coisas estivessem caindo pelo meio do caminho. Foi, então que levantei e olhei pra trás com a sensação de ter esquecido algo, mas aí você disse: tá tudo aqui. Entre a sensação e a confiança, segui. E nessa pressa nublada já não sabia se era eu ou se Marília, com perfume de terra molhada das primeiras gotas de chuva.




...e quando as outras gotas caíram. O céu ficando azul.. Tudo em volta escureceu. Só eu notei? As únicas luzes que via eram aquelas que definiam rotas sinuosas e bem vermelhas, tanto quanto os dedos entre os fios dos teus cabelos. Parecia fumaça, mas não era. As que se mexiam eram faróis dos carros que passavam por trás do vidro. Refletia ou frio ou chuva, embaçado. As que não se mexiam indicavam fechado. Eis que meu pescoço quis suar na tua mão pela primeira vez, meu abraço quis marcar as tuas costas, minhas mãos... Não sabia se era eu ou se Anaís, embebida em efervescência entre as luzes que via piscar e que esquentavam parte a parte do meu corpo. Seria mesmo as luzes que o aqueciam?




E aí que me perdi nas mulheres que tu me apresentaste. Achei, por hora, que a incendiária fosse a mais vulnerável e tive certeza e que a recatada fosse aquela que não tem medo de cair de boca e sentir todos os gostos em uma noite só, de uma noite-chuva. 




Fosse eu, fosse Marília, um dia Anaís. Tanto faz. Seríamos a mesma mulher contanto que você fosse você, todas as vezes.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Maninha, precisava ser agora?

Eis, quando eu soube, assim de imediato, não acreditei. Esse vício de eternidade que a gente tem. E logo você, bicho? Tão agitadinha, tão atrevidinha e cheia de vida. Fui ao banheiro lavar o rosto, molhar os pulsos e olhar bem a minha cara cansada de 33 anos. Quando saí e espiei em volta tudo continuava lá. Feito nada tivesse acontecido Lembrei duma história da mitologia grega. Contam que quando morreu Pan, o deus da música, alguns pescadores ouviram uma voz misteriosa gritar numa praia deserta: ‘O grande deus Pan morreu!” E nunca mais se ouviu falar dele. Hélice – como te chamava a Rita, acho que por causa daquela sua mania antiga de girar os braços enquanto cantava, em tempos de Arrastão – eu não sei o que estou sentindo. Depois do trabalho, saí a procurar pelas ruas do centro da cidade um sinal qualquer que confirmasse ou desmentisse tua partida. Não encontrei nada. As lojas não tocavam seus discos. Ninguém caminhava devagar. Não havia nenhuma melancolia específica no céu, além do cinza habitual. Só eu assobiava baixinho “Acender as velas já é profissão, quando não tem samba, tem desilusão”. (Vezenquando, só de sacanagem, você dizia ‘Quando não sou eu, é Nara Leão’, e dava aquela risada gostosa.) Então peguei um táxi e vim embora. Pedi para o motorista ligar o rádio, mas tocava Núbia Lafaiete. Você acharia engraçado. Pedi para ele parar antes de casa, comprei duas garrafas de vinho. Estou no meio da segunda. Pimentinha, que difícil que tá. Você tem que amar quem você ama agora, JÁ, você tem que começar a fazer tudo o que você quer porque a bruxa tá do lado esperando. Elis, eu também vou morrer nem sei quando. Antes eu queria tanto ser feliz. Embora nem saiba como é isso. Acendo uma vela branca procê ir embora numa boa. Abro as janelas e ponho bem alto você cantando ‘Primeiro Jornal’, porque é assim que quero te guardar, juntando tua voz matinal aos restos dos sons noturnos que ainda boiam na casa. Não tenho medo da morte. Tenho medo da vida. Baixinha, foi tão de repente... Mas ainda ontem, todo domingo de manhã eu ia ao cinema Castelo assistir você cantando no programa do Maurício Sobrinho, da Rádio Gaúcha. Você vinha com aqueles vestidos repolhudos cantar ‘Banho de lua’ e aquelas versões tipo Fred Jorge (Vixe, como tô ficando veio, guria!). No fim todo mundo aplaudia de pé, dançava e cantava junto. Depois, feito a Janis Joplin fez com Port Arthur, você saiu de Porto Alegre. Foi ser estrela na vida. Falavam mal, então como falavam: porque isso, porque aquilo, porque você chiava como carioca, que era metida que nem parecia ter saído dali do Partenon, que parecia que tinha Deus na barriga (descobri depois que você tinha mesmo, não na barriga, mas na voz). Nunca mais te vi ao vivo, só no finzinho do ano passado, no Anhembi. De repente você disse que queria falar com Deus. Eu me arrepiei. Parecido com quando você cantava ‘Atrás da porta’. Ou quando, naquele inverno comprido eu atravessava noites bebendo conhaque ouvindo ‘As aparências enganam’. Uma vez a Paula Dip bateu na porta enquanto você cantava e, mal abri, ela caiu no choro, porque tinha vindo contar-me coisas sobre esses enganos, essas aparências.
Maninha, precisava ser agora? Em pleno verão, o sol quase em Aquário. Sei que teu coração não aguentava mais tanta barra. Sacanagem... E juro que agora eu ouvi você rindo assim: quá-quá-rá-quá-quá. Tô sentindo um oco, Hélice. Tão ruim. O dia não conseguiu chover: eu queria agora chorar todo o choro que o dia não chorou por ti. Não consigo. Eu tenho a impressão de que poderia reconstituir, dias após dia, desde uma daquelas manhãs de domingo no Cine Castelo (que coisa mágica, eu tinha 12 anos, você 15) até estas duas da madrugada de hoje? Consigo não, Che. A gente, que é gaúcho, se entende. O tempo existe, Pimentinha, e passa, leva no arrastão as coisas e as pessoas que não morrem: ficam encantadas. Y solo resta el silencio, un ondulado silencio...
Nós te amávamos tanto, tanto. Guria. Até.

Caio Fernando Abreu

domingo, 6 de junho de 2010

A má índole está naqueles que tem uma dificuldade meio grande de lidar com os limites. Já percebi. Não é como a má educação, por exemplo. A má educação é algo que se pode notar a quilômetros. A má índole é uma deformidade de caráter... e caráter... a gente não vê. É algo meio peculiar, não sei explicar. A única coisa que sei é que quando se trata de universo, as coisas acontecem como jogar constantemente uma bola na parede, do jeito que você joga, ela volta.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
 

Eu possa me dizer do amor que tive:
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

VM
Quem entende meus traços, que não os veja.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Y Generation

Não sou a favor da constante 'americanização' dos termos, mas em se tratando de Geração Y, o tema pede. Antes de qualquer coisa, preciso explicar que a Geração Y nasce entre 78 e 90 com o advento da internet, e, de maneira cafona, são nomeados de "os filhos do milênio". Quanto a 'americanização', bom... é evidente que esses termos refletem uma realidade norte americana ao considerar a Geração Y como prole da Geração X - nascida pós-segunda guerra mundial e após os baby booms, mais ou menos entre 45 e 55 - que na década de 60 e 70 procurou hastear bandeiras de revolução. Essa questão histórica é que puxa o conceito pro lado estadunidense.
Na verdade, a geração Y é constituída pelos jovens de 18, 19, 20 anos que estão e estarão compondo o mercado deste e dos próximos anos. A peculiaridade destes jovens é que possuem um valor moral mais sólido e uma consciência ambiental formada. Porém, os 'ipsilons' são extremamente silenciosos. Sua revolução não virá de bandeiras, de cavalos brancos ou de espadas. Virá do que eu chamei de 'síndrome do umbiguismo'. Egoístas e preocupados com a autorrealização, esses jovens procuram chegar o mais alto possível em suas respectivas carreiras. O melhor é que esse novo egoísmo não virá de uma forma prejudicial.
Libertários, distraídos, acomodados, afobados. São só alguns adjetivos dos novos revolucionários perante a sociedade. Os carcerários do meio informacional - eu mesma tenho minhas próprias cafonisses - são acostumados a vivenciar o tempo digital. O tempo célere que permite o acontecimento de 30 coisas simultaneamente e mais, o culto a ideia de que essas 30 coisas merecem a ótica da humanidade. Acostumados com com a celeridade, os 'ipsilons', ao adentrar o mercado de trabalho, farão questão que tudo aconteça depressa: promoções de cargo, bons salários, etc. Segundo Mirian Korn, "quem convive com ferramentas virtuais desenvolve um sistema cognitivo diferente", logo, age de maneira diferente. Sempre focando na ascensão e priorizando a realização de inúmeras tarefas.
Particularmente, seria bom se esse revolucionarismo fosse uma concepção majoritária, generalizada. Talvez, assim a geração tivesse mais força, apesar do subjetivismo da qual ela depende. Isso também não é um ponto lá muito bom. Cada ser humano é de um jeito, possui uma concepção, uma maneira de agir, possui uma força particular na perseguição de seus objetivos. Logo, qual a certeza dessa revolução silenciosa? Qual a certeza de seu sucesso? Ela não pode ter um cunho de 'revolução individualista' mais forte do que algo capaz de abalar, de fato, uma sociedade inteira?
Pra finalizar, eu gostaria de destacar que a maioria dos leitores desse post, com certeza, estão incluídos na Geração Y - na prática ou na teoria, apenas -. Se é o seu caso, não se acanhe por ser um revolucionário silencioso, orgulhe-se sem esquecer dos valores morais anteriormente destacados e da consciência ambiental da nova era. Um abraço aos multitarefas que cultuam a celeridade dos resultados e a constância dos desafios.

(Gente, o marcador do post é 'sob medida' pois foi um pedido realizado no meu formspring. Se houver mais pedidos irei incluí-los com esta marcação.)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

524 receitas em 365 dias. Lugar de mulher é na cozinha.

Hoje assisti ao filme Julia and Julie, a partir do qual Meryl Streep recebeu, merecidamente, mais uma indicação ao oscar. Segundo às críticas, a atriz foi a perfeita intérprete de Julia Child. Uma mulher fantástica que adentrou à cozinha por pura falta do que fazer, buscando ocupar o tempo livre e consagrou-se um grande nome da gastronomia. Teve o privilégio de ter um livro seu publicado em inglês sobre a culinária francesa. Julia motivou-se pela súbita viagem à França sem muito saber sobre o idioma e pela sua paixão por 'comer' - como ela mesmo dizia ao marido - para posteriormente revelar-se habilidosa à frente do fogão e a primeira mulher a escrever sobre a culinária francesa para o público americano.
Depois de todo esse falatório acerca do filme, eu revelo a vocês a pitada feminista como real intenção desse post. Se a mulher tanto lutou/luta pelo seu espaço e liderou/lidera economias, cargos governamentais,  revoltas, manifestações, motins e etc, de que adianta manda-las pra cozinha? É claro que elas iriam revolucionar por lá.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De volta às letras

A primeira coisa que gostaria de trazer pra cá é a minha opinião sobre o Tumblr. Recentemente fiz o meu, hoje, na verdade. Gostei, é prático. Traz aquela ideia de brevidade que o blog não traz, mas nem por isso abandono isso aqui. A página vai continuar viva como sempre. Ok, confesso que esse 'como sempre' está um pouco sem credibilidade, mas mesmo sem postar com frequência eu entro aqui todos os dias, logo é 'como sempre', sim. Em segundo lugar... Agora, retomando as atividades naturais do ano, vou 'reaprender a escrever' e trazer os temas que separei há milênios pra cá. É 'reaprender' mesmo, esse negócio todo é uma questão de muita prática. De qualquer forma, é bom estar de volta.

http://hchermont.tumblr.com