sábado, 29 de janeiro de 2011

Jovens mortos em guerras estúpidas, preconceito contra homossexuais, crise geracional entre pais e filhos - o mundo parece não ter dado um passo sequer desde que o musical "Hair" estreou em 1967 no circuito alternativo dos Estados Unidos, onde, depois de conquistar a Broadway, logo foi alçado à condição de clássico por tratar daqueles assuntos sob um olhar inovador e original. Mas, se a realidade manteve intactos certos conflitos, "Hair" renovou o frescor da juventude em lutar por causas justas. 




Assinada por uma dupla tarimbada (Claudio Botelho e Charles Möeller), a produção é esmerada - dos figurinos à atlética coreografia, da versão das letras à interpretação, "Hair" resgata um sentimento duradouro. "Ainda vivemos em guerra e os conflitos são muito parecidos e tão assustadores e sem sentido como o do Vietnã. Da mesma forma que ainda somos cheios de tabus e vivemos na intolerância.", justifica Charles Möeller.



O musical é ambientado em 1968 e acompanha os passos de John Berger, hippie que comanda uma tribo de moças e rapazes de Nova York. O grupo logo é reforçado por Claude, rapaz que vive um dilema: oprimido pelos pais, que o querem alistado no Exército para a Guerra do Vietnã, ele também é assediado pelos hippies, que o incentivam a se soltar das amarras sociais.




"O grito de Hair continua ecoando"




quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Me espera chegar. Sim, estou chegando. Pra colocar seus pés de molho e fazer massagem até você dormir. Também estou chegando pra tornar seus jantares mais coloridos, pra fazer umas palhaçadas e perguntar como foi seu dia. Estou chegando pra arrumar as suas tralhas e ler as suas revistas. Estou indo, meu bem, minha menina. Estou indo pra dizer que você está segura e que está raquitica. Meu deus, não estás comendo, não? Pra conversarmos sobre pilotagem e pra te ouvir me dizer que queria me ver correndo de novo e que queria gritar do autódromo quando eu fizesse, de novo, a volta mais rápida da corrida. Sabe, 'quito', eu estou mesmo com saudade. Eu mandaria de novo aquela mensagem do russo "chega dói bem aqui".  Dói porque "você é novinha e tem tantos planos mirabolantes na cabeça". "Admiro sua persistência". Li sua carta de natal, meu anjo, e a melhor frase foi: Quero ser mãe que nem você é meu pai.

domingo, 23 de janeiro de 2011

3min

As coisas que vc escreve não são as coisas que você quer, são só as coisas que você escreve. As coisas que você quer são só algumas coisas que você escreve, as coisas que você avisa não são as coisas que você escreve e as coisas que você escreve são metade das coisas que você abusa. As coisas que você faz, são quase as coisas que você escreve. As coisas que você escreve, são quase as coisas que você fez. As coisas que você pretende, você não escreve. As coisas que você escreve, você não pretende.


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sábado, 22 de janeiro de 2011

Acesa só sobrou a lareira daquele lugar. O Saulo comia descompassadamente, a Elisa sentia um enjoo... 

A Elisa era apaixonada por alpinismo. O Saulo? Tava vidrado na promoção do fim do ano na empresa em que trabalhava há sete. A Elisa queria ter filhos dois anos depois do Saulo. A Elisa e o Saulo. O Saulo não abria mão do futebol de quarta a noite com o Leleco e com o Juninho. A Elisa não abria mão de reler o livro preferido pelo menos uma vez por ano. O Saulo esquecia a sogra nas datas comemorativas. A sogra da Elisa morava no sul da América Latina.

O Saulo e a Elisa não terminaram porque a Elisa tinha um desafio de alpinismo de três meses em três estados diferentes do Brasil. Ou porque o Saulo tinha aquela necessidade fortíssima de, às vezes, viajar sozinho. Não terminaram porque a Elisa recebia constantes ligações dos pacientes da terapia ou porque o Saulo foi grosseiro naquele dia em que chegou meio bêbado do futebol. A Elisa empacotou, do Saulo, o perfume, o troféu de empregado do ano, as botas que ela odiava, mas que ele insistia em usar. O Saulo empacotou, da Elisa, o livro de Psicanálise, os CDs do Buddy Guy, os sneakers que ela guardava como recordação do campeonato passado e aquelas malditas pastilhas de freio que ela prometia levar junto com o carro na oficina toda semana.


Não era aí que o Saulo e a Elisa eram tão diferentes. O Saulo e a Elisa eram tão diferentes porque a Elisa respeitava o Saulo de um jeito; o Saulo respeitava a Elisa de outro. Porque a Elisa tinha pouca paciência e porque o Saulo não media esforços pra fechar o bico na hora de dizer pro Leleco que a Marcelinha, aquela ex-wife do segundo casamento, sempre foi linda. O Saulo e a Elisa terminaram porque a Elisa insistia em dizer como era bom conversar com o Matheus, aquele namorado que ela teve na faculdade, a respeito de escalada porque ele sim, esteve lá quando ela passou por aquele momento difícil de voltar aos esportes radicais. O Saulo nunca disse a Elisa que a Marcelinha o incentivava na empresa melhor que ela. Simplesmente não disse porque sabia que isso ia machucá-la. Assim como a Elisa nunca disse ao Saulo que quem fez ela não desistir da Psicanálise foi o Lauro, o primeiro marido. E que ainda achava o Arnaldo - o primo com quem teve um affair - um cara tão gostoso, que quando o via no Natal passava mal. E adivinha por que ela não disse? Entre esses e outros motivos, o Saulo e a Elisa se machucaram tanto e não souberam se cuidar depois. Acontece que os valores do Saulo são diferentes dos valores da Elisa. E os princípios da Elisa, são diferentes dos princípios do Saulo. Acontece que a meneira como a Elisa lida com as impaciências do Saulo é diferente da maneira como o Saulo enxerga as impaciências da Elisa. Acontece que o Saulo e a Elisa terminaram não porque a Elisa é mulher do Saulo, alpinista, psicanalista e possivelmente uma mãe liberal ou porque o Saulo é empresário, viajante, amador no futebol e possivelmente um pai controlador. Mas porque o Saulo não notou que precisava reerguer ou consolar a Elisa em algum momento ou porque a Elisa foi impaciente o suficiente pra se abster dessa vez de dizer como o Saulo poderia agir pra contornar a situação. Porque a Elisa não conseguiu pedir sinceras desculpas ou porque o Saulo sabia que não ia conseguir passar por mais essa sozinho.






- Mas a Elisa nunca apontou o dedo na minha cara e disse "Não, hoje você não vai ao futebol"
- O Saulo nunca me segurou pelo braço e disse "Você não acha que está na hora de largar esse telefone?"
- A Elisa nunca disse "Pra que tanto você quer viajar sozinho, Saulo?"
- O Saulo nunca disse "Você não cansa desse livro velho?"




Aí o Saulo abriu a caixa, tirou as botas e nunca mais usou. Tirou o perfume e colocou perto da pia. A Elisa abriu a caixa, tirou os sneakers e colocou numa caixa no fundo do armário. Pegou as pastilhas de freio e saiu pra oficina. E a caixa dos dois ficou lá aberta como se tivesse mais alguma coisa custando a sair. 


A lareira ficou acesa, a xícara de café da Elisa esfriou, durante a arrumação. A cerveja do Saulo pingou perto do tapete. E enquanto o Saulo continuava comendo descontroladamente, a Elisa tomava um remedinho pro enjoo. E só tinham uma certeza... a Elisa e o Saulo e engoliam-na a cada segundo do dia. Porque A Elisa estava esperando o Saulo se mover e o Saulo esperando a Elisa dizer como seria. Porque o Saulo estava esperando as desculpas sinceras da Elisa e porque a Elisa estava esperando o Saulo lembrar de ser mais carinhoso. O Saulo estava esperando a Elisa reclamar do pingo de cerveja no chão e o Saulo esperando a Elisa dizer que o troféu de empresário do ano ficava tão bem na prateleira. O Saulo estava esperando aquele momento de dizer a Elisa: "Amor, posso guardar seu celular?". A Elisa querendo tirar de dentro da caixa aquela massagem de depois do sexo. O Saulo querendo tirar o sexo de dentro da caixa. A Elisa querendo tirar da caixa "Dear, vou viajar e sei que vai ser difícil de conviver com essa distância, mas pode ficar tranquila. Te amo, vou voltar com muita saudade". O Saulo querendo tirar da caixa: "Você está dando um duro danado por essa promoção, estou muito orgulhosa de você só por isso". A Elisa querendo tirar da caixa: "Sinceramente quero fazer as coisas ficarem melhores". O Saulo querendo tirar da caixa: "Realmente quero ser melhor". 


A caixa aberta no meio da sala, o dia torna a ir amanhecendo e da caixa saem: "Vai ser sempre esse drama?", "Fica na tua", "Nossa foi ótimo com a Marcelinha", "O Leandro era um louco na cama", "Caramba, esqueci você na outra bolsa", "Caramba, foi tudo porque saí sem bolsa!", "Se te chateou.. desculpa", "Shit Happens". "Desisto".






- Da minha caixa é: "_ E   A _ _". Enquanto estiver escancarada no meio da sala.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

21







Adele?!
H: sim, mas e antes disso?
P: me forçaste a te contar pra gente ficar junto.
H: foi? desde quando isso??
P: sei la.. foi assim que eu entendi, e deu certo porque perdoaste todas as vezes, tipo Jesus e me senti melhor. Hahahaha
H: hahahaha. Jesus, great.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

100%, percentual, não dá mais pra ficar adivinhando.

Eu, graças a deus, não sou muito suscetível ao mau humor. Nem quando chega o seu junto com a resolução de  apontar meus defeitos como bem entende e... como é mesmo? "cuspí-los na minha cara" - ah como se eu não soubesse que eles sempre chegam juntos. Tolerância já não tenho muita e quando vem com falta de respeito...?... Se não temos muita e tantas vezes já cedi... dou um passo a frente maior do que você pensa. A minha frente.  Depois de um tempo a gente chega a conclusão de que gostar envolve tantas coisas... e que você pode passar anos gostando da mesma pessoa mas e... e o resto? O reee-eesto, aquela coisa toda de cuidado.

Inconformismo (ou sabe deus o que).

"Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada e no final achei tranquilo". Porque era sempre o oposto da esperança. E era sempre e todo dia um sorriso de captar os teus cinquenta por cento de verdade. Ah pois foram tantas coisas e difíceis momentos de confissão. Eu sei tão bem da tua verdade. Ficas sempre linda e entusiasmada contando. Aí fiquei procurando um dia, dois, três... cadê? Maneirou na condução?
Quanta raiva... não foi bem assim que desligou. Pois quanta decepção e foi assim bem que desliguei, puxei o cabo, te pus nas mãos e é assim que você está, com ele lá, até agora. E quanta agonia desse espaço entre as pernas e a cama. Máquinas vão girando.. sentindo sim já tudo isso. "Isso é o que o amor faz". Não tava me valendo a pena assim. Conseqüências são sempre inúmeras. Silêncios sempre inúmeros. Saudades sempre inúmeras. Lágrimas sempre inúmeras. Apesar de eu não te dar. Pois cuida bem dessa tua forma de ser que eu entendo a transição. Deixa transbordar da tua boca e deixa solto no ar.



Pois se         me der
vou





buscar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Arranje assim, seu Santo Antônio, mas logo pra eu mi casar?

Só quando o sol ficar coberto, baiana, rode tua saia pra direita, faça simpatia que te ensinei na esquina daquele viveiro das arara do riacho que aí sim, maninha, vai te aparecer uma história que começa..

Tu vai te encontrar cuma nativa lá do la-do oposto. Tu vai reconhecer, filhinha, eu te garanto. Ela tem aqueles tracinho inconfundível, tu sabe? Aqueles que rasga o canto do'solinho e que quando ri... Ixe, aí tu não vai saber, filhinha, que essa coisa toda vai durar, benedita. Bendita essa vontade que vai te subir pelas perna todo santo dia de Santo Antônio. Sacudir toda'sestrela quando tu te segurar na cadeira e olhar pro céu, vije. É disso que eu to dizendo, mainha, quando tu te deitar na cama praquele pode-não-pode da meia noite.. tu amarra o teu lençol três veze. Uma praquele fogo se debruçar inteirinho pelo corpo dela. Duas praquela chuva fazer os barulho na janela que vai fazê ela querê que tu faça ela pensar três vez mais alto que a chuva batendo... e três, filhinha, procês não se cansarem dessas coisa toda que a vida colocou entre cês duas. Eu te digo, baiana, essa mulhé vai acabar te rodando a saia do avesso se tu não te segura. Te adianto, morena, que tu vai pensar em tanta coisa.. vai pensar pordebaixo da roupa dela e pordicima das coxas. Tu vai pensar que o beijo vai ser amargo e que nunca mais cês hão di si amá de novo. Tu vai sentir aquela saudade meio junto de desejo, tu já sabe? Vai sentir aquela boca quase todinha na tua pele antes mesmo dela te encostar. É.. aí que vocês vão se encontrá, neguinha, vocês vão se esbarrá pra comer junto, pra se fazer carinho mais uma e outras veze. Só que tem uma coisa que eu não posso te adiantá, filha, que é quando essa quentura toda vai congelar cês duas naquele minutinho ali, no viveiro das arara, na lagoa, nas areia.. é.. aquele momentinho que cês vão esquecer de siesquecê mesmo depois de muitosano.. 
Que é quando, pela primeira vez, cês se tocar.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Uma coisa realmente ruim é quando o espectador não consegue diferenciar o personagem do ator, no momento X da peça. E assim fui eu ontem... Não sei se foi um problema meu como espectadora ou se isso realmente aconteceu, mas sempre que a Cissa Guimarães chorava copiosamente em Doidas e Santas (Martha Medeiros) que está passando no Teatro Leblon, eu enxergava uma mãe chorando por um filho e não Beatriz chorando pelo divórcio com o Orlando. Tenso isso. Uma agonia sem fim, really.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

It isn't a competition, dear.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Se eu te disser que acordei com o sol esquentando o meu pé na cama. 

Aí tomei um suco muito doce. Foi assim que começou e vale ressaltar que, pela manhã, o atendimento desse lugar é péssimo. Só tem um garçom, onde já se viu? Mas por outro lado esse silêncio é uma paz. Está fazendo vinte e nove graus na Nsa de Copacabana, mas o que eu tenho a dizer mesmo é que os quarenta graus de dentro de mim quiseram 
arranjar de novo uma cama pra gente. 
Porque não está dando de saudade mesmo que eu saiba tanto de você. 
É como se eu soubesse até os cinqüenta por cento de tudo que você omite porque sim, essa é você. Eu conheço sua cara tentando me engolir e engolindo as palavras que você não me disse uma por uma. Seus olhinhos tentando meter medo, tentando fuzilar cinco metros de distância enquanto eu mesma estou só a meio, ilesa, é aí que você erra. Reclama que eu demoro a falar, que isso, que aquilo. Ouso dizer que não me falta certeza de que você se vangloriou de alguma maneira, pode ter sido da mais sutil, bem dentro de você. E é pra eu rir. Conheço aquela falsa baiana e mal intencionada também que diz besteiras como se não quisesse nada, que remexe a saia conforme a música que escolhe.. e aí você dança com ela.


Você é transparente sim, tanto você diz e é. Não porque é mil vezes verdadeiro, mas porque o seu rostinho te entrega todas as mil, really. Você faz força no maxilar e vou te contar, posso parecer irritante, mas você fica ainda mais bonito pra mim. Eu que adoro um rosto largo. E aí você me olha como se eu estivesse muito, mas muito errada porque você é craque em querer virar o jogo pro seu lado. É quando tiro o garfo da sua mão, seguro seu braço e te beijo a boca até você me olhar de outro jeito, ainda sério, mas desfeito. E você olha, acredite. Te acho um homem interessante e nessas horas, eu quero mesmo voltar pra você, voltar pra casa, mas aí você se utiliza de toda essa mania de homem. Ah baby, enquanto você não perde essa mania, não há nada mais que eu queira do que ficar nesse calor. Não gostaria de ficar lidando com isso várias vezes. Mas como eu sempre digo: AH HOMENS... e esse lado do cérebro onde rir e se vangloriar faz parte do primeiro caminho. Hahahaha. Acontece que você não aprende que eu gosto mesmo é de mulher.

Agora que o Vinícius tá cantando? .. vish demorou.. a conta, por favor?

sábado, 1 de janeiro de 2011

'm going in for the kill
I'm doing it for a thrill
I'm hoping you'll understand
and not let go of my hand

Se tem uma coisa que eu sei é que não vou me sentir tão em casa. Não vou olhar pro lado e ver a Inês no piano e ter certeza que o adagio vai ter som de Chico Buarque ou que em algum momento da barra vou ouvir Vinícius de Moraes. Mesmo sem contato era como se estivesse em casa discorrendo sobre alguma coisa sem muita importância com o som ligado, e como se cada partezinha do meu corpo conhecesse tão bem esses compassos que eles se adequariam perfeitamente ao movimento.