domingo, 29 de maio de 2011

"Aqui todo mundo fica LOUCO"

Sexta fui assistir a Lado-B. Sabe aquelas produções que você demora a decidir se vale ou não a pena? Então, demorei, mas decidi que vale. Se tem duas coisas realmente difíceis de fazer são boas comédias e boas peças sobre dança sem tornar aquelas horas de exibição massacrantes pro público.

Release rápido: Lado-B trata do backstage do mundo do balé clássico com quatro bailarinas do TMRJ mostrando os sete pecados capitais nas suas mais variadas vertentes inclusos sob a personalidade de cada uma. Tem aquela que a gente chama de 7-8 (que sabe todas as coreografias, todos os lugares, todas as versões); tem a fisicuda que passou da idade, a novinha, cheia de técnica, mas sem nada na cabeça e finalmente aquela que sempre tá ''meio a fim'' (gosta do que faz, mas sempre arranja encontro com o marido, depilação, cabeleireiro e tudo mais que puder no horário do ensaio).

Vale realmente a pena conferir nessas horinhas de espetáculo: A trilha sonora e a montagem que passa por toureiros de DQ, Lago dos Cisnes, Giselle, entre outros. O FISICÃO tão evidenciado durante a montagem de Bettina Dalcanale e finalmente a real morte do cisne interpretada por John Lennon da Silva (que não foi genial nos Beatles, mas é genial no Break Dance). Apesar do roteiro "apressado" por assim dizer, este visivelmente constrói o lado engraçado, enlouquecedor, sujo e dramático da dança.

Além de passar por questões corriqueiras do 'dark side' do balé clássico o diretor ainda se deu o trabalho de fazer um link com alguns pecados como gula, vaidade, luxúria, preguiça, etc. E mostrar o quão eloquente é fazer parte dessa copetição incendiária e, por que não dizer diária de uma companhia profissional.


sábado, 28 de maio de 2011

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Agora sim entendo, o quanto não tinha a ver comigo e o quanto você não tem vergonha. É o fim do caminho?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente. Preciso conduzir um tempo de te amar, te amando devagar e urgentemente. Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez. Prometo te querer até o amor cair doente, doente... 



Prefiro, então, partir a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente. Depois de te perder, te encontro, com certeza, talvez num tempo da delicadeza onde não diremos nada; nada aconteceu. Apenas seguirei.
 

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ricardo Reis / Fernando Pessoa

Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa, põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.

domingo, 15 de maio de 2011

"um gesto pode ser capaz de suprimir todos os seus problemas"
Copie Conforme

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sangue Frio

 "...Com certeza, Kestner, era tempo de eu partir. 
Ontem à noite me ocupei de pensamentos bem "perduráveis"
e dignos de serem "pendurados"...sobre o canapé..."
(Carta de Goethe a Kestner, 11 de novembro de 1772) 


Depois de um tempo você começa a ser frio o suficiente. Ouve, assimila, utiliza o que pode e o resto joga fora. Retira dos tapas, empurrões, joelhadas, toalhadas só o estritamente necessário, só a percentagem que te faz crescer e joga longe a que poderia te desestruturar. Terminar a aula de joelhos e ouvir que a função do maestro é levar o ser humano às quatro estações pra poder extrair dele o máximo de alma possível, faz você deitar a cabeça no travesseiro e sonhar várias vezes com aquela dificuldade e se voltar em torno dela como se nada fosse tão importante. Raiva, felicidade, sofrimento e tesão. São as quatro estações do maestro. Uma em cada toque e incrível como realmente só um toque é necessário. 

Queria poder levar a cada pedaço de homem a sensação de se superar a cada dia, como meus maestros.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Se não for pelo talento, vença pelo esforço. E se tiver talento, trabalhe em dobro.

Seja boa, não boazinha.

A diferença entre vencer e passar por cima é que vencendo você demora mais. Reagir bem ao ouvir instigações virou uma prática corriqueira. A verdade é que chegou a hora de chutar o pau da barraca, se é que eu posso dizer assim. Tem sempre algo me dizendo pra não ser boazinha o suficiente e isso fica se repetindo na minha cabeça dia após dia. É como se eu demorasse a conseguir olhar com desprezo. Hoje me sinto diferente.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Take It All with Jools Holland



Voz de 21
Ontem cheguei de viagem e fui correndo pra emergência da Unimed. Passei três horas de vôo respirando pela boca, com 37,7 de febre, exatamente, os ouvidos e a cabeça explodindo. Quando entrei pela porta de trás e a única coisa que eu tinha era uma garganta extremamente irritada, mal consegui falar com a médica de tanta tosse e por isso minha mãe explicou mais ou menos o que estava ocorrendo. Fiquei minutos bêbada de dor de cabeça na sala em observação, fiz aerosol, tomei antiinflamatório e analgésico e segundos depois estava bem. Em questão de quatro horas eu já estava abrindo mais os olhos e respirando melhor. Me lamentei um pouco da vida pra mamãe, contei as novidades do Rio. Respondi uns dois emails pendentes. Até que me dirigi a lanchonete pra tomar um suco, quando notei uma moça nova, sentada que parecia estar sentindo muita dor nos quadris e chorava copiosamente, segura pela mãe.

Quando eu passei bem ao seu lado ela levantou os olhos e disse entre um soluço e outro agarrando o braço da cadeira: Estou perdendo meu filho.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

RIO HARP FESTIVAL

Eu sei que as notícias estão girando em torno do Osama, mas eu vou destacar a que mais me deixou feliz hoje. O Rio de Janeiro vai contar com 60 concertos de harpa do dia primeiro até o dia trinta e um de maio. E é claro que isso inclui estações de metrô, Jóquei Clube, algumas igrejas, Corcovado e por aí vai. Saí do teatro ontem querendo mais e acordei com a notícia de que posso esbarrar na cultura erudita NA RUA. Sensacional (!!!) Espero que meu Instagram registre isso em algum momento do dia.

Pleonasmo

Às vezes durmo como se você estivesse a noite inteira pesando no colchão logo ao meu lado. Quando acordo, você não está. Eu olho no relógio pra saber 'quantas horas faltam até a primeira aula do dia', mas na verdade conto quantas horas faltam pra essa sensação nefasta ir embora. Hoje foi uma manhã como essa. e dói bem fundo no meu peito tudo o que eu não consigo mais derramar. O pior é quando faltam horas demais até que o dia termine. 
Hoje resolvi parar, assim mesmo, como se tivesse um botão. Acompanhei o sol nascendo centímetro após centímetro, desejei que estivessemos na areia naquele momento, desejei meu sorriso (em você, eu digo, aquele..)  logo embaixo de mim entre nosso abraço de encostar o corpo inteiro, de pesar uma na outra como naquelas tardes em que você almoçava e logo ia se encolhendo na cama e acabava bem no meu pescoço até dormir. Posso sentir você respirando. A verdade é que eu sinto demais a sua falta a ponto de dar vontade de pegar o primeiro avião.

Depois que chego em casa, comparo o dia seguinte do "primeiro avião" com os últimos dias em que passei "com você" até antes de colocarmos um ponto nisso e lembro... você simplesmente não estava. Eu estava e você não, exatamente aí doeu o triplo do que já dói dessa distância. Logo fecho os sites de companhias aéreas, cancelo as reservas antigas, abro as janelas do quarto, desligo as luzes e saio pro supermercado como se a manhã já não tivesse sido longa o suficiente.

domingo, 1 de maio de 2011

A verdade é que empurrei até a metade, mas aquela cadeira que você colocou pra eu não entrar continuou ali até dar de encontro com a parede. E mesmo que eu chutasse do lado daqui, a cadeira não se movia e você de lá de dentro continuou olhando até que não fosse mais um desafio me ver tentando arrombar do lado de fora. Algumas horas tentou arredar a cadeira, não conseguiu, machucou o dedo e assim ficou. 

Depois sentou, ficou assistindo minha determinação ir se esgotando pancada após pancada, até que começou a empurrar de lá de dentro. Pra que colocar o pé na porta em sentido contrário? Empilhar vários objetos sobre a cadeira pra ficar mais pesado e até deixar um ou outro cair na minha cabeça? E aí, tranquilamente, eu  apanhei umas frutas, armei um toldo, deitei no degrau, vi as estrelas, elogiei a lua, fiquei uma noite sim outra não-sim dolorida e a porta foi se fechando enquanto nós já tinhamos mais ou menos duas cobertas, dois sofás. 

Só que ainda estávamos ali, separadas por aquela porta que você não conseguiu puxar porque se bateu e que não consegui empurrar, nem com toda a força. Vezenquando você grita alguma coisa lá de dentro e eu respondo, quando não... eu peço uma almofada, você dá. Até que entre as nossas casas (e veja bem... não é mais nossa-singular) se construam ruas, céus, apartamentos, luzes....