quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Chama Verequete...

Chama Verequete. Louvado seja o Mestre do Carimbó que faleceu ontem, vítima de infecção generalizada posterior à grave pneumonia e insuficiência respiratória. O homem que sedimentou o carimbó como Cultura Paraense ao lado de homens como Cupijó e Chico Braga e que, principalmente, acreditou na imortalidade do estilo musical.
Verequete não mais está aqui para ver com os próprios olhos o Carimbó como Patrimônio Cultural  - conforme dizem: é preciso que a situação se agrave para que alguma coisa mude pra melhor -, mas a cidade ainda pode louvar o Mestre no Theatro da Paz neste último dia.

Sobre suas palavras, então, é com grande pesar que comento este adeus, pois se existem furos ou exageros na história regional, este é, sem dúvida, um imenso. Mais uma vez vai um mestre e fica a obra.
"O carimbó nunca morre. Quem canta o carimbó sou eu".

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vende-se Personalidade Virtual

Nota aos leitores: Gostaria de alegar meu desejo de assiduidade, mas pra ser sincera não to conseguindo ser assídua a nada nesses últimos tempos. Eu bem que entro aqui todos os dias, mas só escrevo quando as palavras saem - assim como agora: uma a uma.
Um vulcão de ideias, confesso, mas pouca facilidade ultimamente, pouca clareza. Sabe, eu nunca seria escritora com datas fixas de lançamento, meu compromisso é com a inspiração.

Depois dessa mínima nota ou justificativa - como queiram - me ocorreu o tema proposto no título, quase que auto-explicativo e bastante recorrente. Digam se vocês nunca pensaram 'x' de uma pessoa na internet e depois descobriram que ela é 'y', 'z', 'w', o alfabeto inteiro... exceto... 'x'!
É eu tenho dessas observações para com as pessoas e, confessem, é impossível não ter! Já li coisas fenomenais de pessoas vazias e já li coisas completamente vazias de pessoas fenomenais.

Essa febre por revolucionarismo iconográfico é outra coisa que, por exemplo, não passa do discurso. Já vi um quadrilhão de fotos em tributo e veneração de artistas cults de quem a pessoa ouve no máximo o gratest hit ou nem se quer ouviu falar. E pior, já cansei de ver e rever utilização e livre apropriação de fotos de outrem por mera necessidade de exposição daquele padrão de beleza, de estilo, de estética como se autenticamente seu fosse.

A Personalidade Virtual tem se mostrado um tanto quanto comercial e, diga-se de passagem, está a preço de banana no mercado. Eu mesma estou vendendo a minha. Sim, aqui e agora. Espero que análoga à personalidade de fato, sempre. Digo, creia essencialmente. Tomar como parâmetro artigos, blogs, twitter, orkut e afins é uma bela de uma furada.


Escrever no Século XXI está muito fácil. A começar pelo Blogger e a terminar pelo Google. Aproveite o meio técnico-científico-informacional. Le Chanois e Rodin estão a um clique de você.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Íntimo

     Ardo nessa sensação de agora: de frio entre os dedos dos pés - frio por saudade -, de palavras elétricas pousando sorrateiras (sem ruídos fazer). Devaneios suspendem-me, corrompem-me. Noite adentro lavam-me os conceitos. Liberdade poética, hermética, liberdade, amor. Até que por trás de letras protejo-me no casulo daqui. Aquele que deixaste pra que eu dormisse em paz, para que no clarão dos sóis do amanhã eu arda de novo borboleta, como fogo, e para que sejas motivo das covinhas, logo de manhã, e de todos meus pés-de-galinha no fim da tarde.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Conhecimento Emancipação x União Homoafetiva

Texto jurídico carrão-de-sena. Espero que seja o primeiro de vários. Este é para os que me julgavam desapaixonada, descrente, desinteressada pelo ramo (com todo esse exagero, é claro. Não seria eu se esse draminha não existisse).

Do conhecimento emancipação só quero alguns pontos. O primeiro é essa soberania solidária que leva à democracia como deve ser. Participativa e não estática-conformista.
Com esse modelo eficiente de democracia, pelo menos na teoria do C.E., é possível realçar a conservação dos trunfos políticos comuns.. e me interessam dois: direito a liberdade de expressão e a livre decisão de ir e vir, assim como o direito a igualdade plena, valendo-se a proteção desta perante a sociedade e de sua defesa mediante o ordenamento jurídico.

Erga Omnes, é aqui onde quero chegar. Efeitos jurídicos da democracia para todos (sim, eu disse todos: brancos, negros, pardos, índios, amarelos, orientais, homens, mulheres, idosos, homossexuais, heterossexuais, transexuais, bissexuais, criminosos, condenados, absolvidos, vitimados, réus, autores, crianças, políticos, domésticas, empregadores, locatários, servidores, operários, ... , para todos).

A questão que pretendo abordar - pelo menos até então era essa a proposta - é a da união homoafetiva. A partir dessa introduçãozinha e dos tão recorrentes discursos sobre o sistema, sobre a evolução paradigmática do Conhecimento Regulação para o Conhecimento Emancipação, me ocorreu a questão homoafetiva - também muito suscitada, diga-se se passagem - como passível de garantia de direitos.

Existem mil e um exemplos de jurisprudências que "cambam", de justa forma e plena razão, para a equiparação e defesa de direitos dos casais do mesmo sexo não amparados (decorridos todos esses vinte e um séculos) pela fonte formal do direito, a lei.
Falando em temporalidade, ouvi um dia desses na calçada em frente à universidade uma citação nem tão célebre assim que, mais ou menos, dizia: "gay, pra mim, é uma classe social nova". Não sei se discorro mais sobre o nova, ou sobre o mau emprego de classe social. Bom, como o foco é temporalidade, ouso discordar ser novo algo que advém da Idade Antiga, de civilizações tão tradicionais quanto a romana, egípcia, grega e assíria. Na Grega, principalmente.

Com as ascensões religiosas, os homossexuais foram resignados a um caráter pervertido, anômalo. Mas após tantos anos de ostracismos, encobrimentos, traumas, 'arrancações-de-cabelo' (e sim, acho que essa é a expressão), os integrantes desta 'classe tão distinta' usam da democracia participativa e da cidadania deliberativa - e vice-versa - para lutar e garantir alguns direitos. Aí entra a teoria Emancipatória, a sociedade democrática e por conseguinte o Ordenamento Jurídico.

Quantos séculos mais serão necessários para assugurar igualdade e liberdade àqueles que delas precisam assim como qualquer outro cidadão? Vinte e um séculos não foram suficientes para sedimentar na jurisdição uma igualdade que, de fato, fosse refletida na sociedade?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Quando a prefeitura não pensa o povo padece

Hoje é dia de regionalizar: Dissemos um largo adeus à Julho de 2009, Belém do Pará ficou às moscas o mês inteiro e, em plena volta das férias, Agosto, caos urbano, a prefeitura usando da melhor das intenções possíveis resolveu acelerar as obras na Mundurucus entre Alcindo Cacela e 14 de Março.
Parece que todo mundo em Julho saiu de Férias, inclusive a Secretaria de Saneamento, que não aproveitou a cidade vazia pra acabar com os alagamentos.
Bom, de qualquer forma o transtorno de não ter um automóvel híbrido em Belém foi substituído pela interdição da via. Natural. Mas por que não em Julho?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O céu é um set da MGM

Existe algo de errado num mundo em que as pessoas não saem cantando e dançando na rua.

Ah, musicais. Estou disposto a defender a tese de que a MGM, quando Arthur Freed era produtor de lá, e especialmente no período entre O Mágico de Oz (1939) e Gigi (1958), era solo sagrado. Tenho uma devoção religiosa a nomes como Freed, Fred Astaire, Betty Comden, Alan Jay Lerner e Frederic Loewe; e toda a minha noção do que é sublime vem da cena da charrete em A Roda da Fortuna.
As pessoas sempre riem dos musicais porque um personagem de repente sai cantando, mas deviam rir é da vida porque ninguém sai cantando assim - improvisando de súbito uma melodia perfeita e uma letra toda espertinha. Vocês não sentem que a vida devia ser assim? Não é esse o prazer de ver um musical - imaginar um mundo em que nosso pensamento seja tão rápido, tão desimpedido de sono, cansaço e burrice que possamos improvisar grandes músicas ao ritmo de uma a cada dez minutos, no supermercado, na feira, no aeroporto? E onde nossos corpos sejam tão ágeis (ou talvez a gravidade seja um pouquinho menor, ou ambos) que enquanto cantamos vamos improvisando uma dança e subindo as arquibancadas da quadra de vôlei, enquanto as outras pessoas não riem, mas pelo contrário, se juntam à dança numa coreografia espontânea, espantosa?
Existe algo de errado num mundo em que as pessoas não saem cantando e dançando pela rua, e se muitas pessoas não gostam de musicais, é porque sentem que esses filmes as criticam de uma forma mais violenta que qualquer outra forma de arte. Outras formas de arte que ficam nos acusando de sermos burgueses, alienados, meio esquecidos, vesgos, carecas, barrigudinhos - todas acusações ridículas. Não, é pior. Somos aqueles que são incapazes de improvisar uma música quando compramos uma maçã de uma velhinha dançante, numa banca de frutas colorida como um set de Vincent Minelli.
Essa falha na natureza humana só será redimida no céu. Quando de diz que os anjos cantam, é isso que se quer dizer - que eles cantam. Os retratos mais realistas da vida no céu - de um realismo de cinema italiano do pós-guerra, mesmo - são filmes como Um Americano em Paris e A Roda da Fortuna - que são uma espécie de descrição literal de como vivem os santos depois dos martírios todos. Depois que as fogueiras esfriaram e os leões fizeram suas digestões, os mártires subiram para um céu que se parece com um set de Paris da MGM, e estão cantando até hoje, com George e Ira Gershwin e Cole Porter tentando anotar a letra em pedacinhos de papel e nas mangas das camisas, mas sendo impossibilitados pelo fato de que estão eles mesmos dançando como loucos. Deus mesmo é um número de dança.

A. S. Silva
BRAVO!, Ed 115 - Teatro.
Março 2007

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um pingo de Churchill

Quando Churchill fez 80 anos um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse:
- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos
Resposta de Churchill:
- Por que não ? Você me parece bastante saudável ..

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Telegramas trocados entre o dramaturgo Bernard Shaw e Churchill, seu desafeto.
Convite de Bernard Shaw para Churchill:"Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação de minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver." Bernard Shaw.
Resposta de Churchill: "Agradeço, ilustre escritor, honroso convite.. Infelizmente não poderei comparecer primeira apresentação. Irei à segunda, se houver."
Winston Churchill.

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O General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na batalha da África, na IIª Guerra Mundial.
Discurso do General Montgomery:' Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói '.
Churchill ouviu o discurso e com ciúme, retrucou:' Eu fumo , bebo, prevarico e sou chefe dele.'

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Bate-boca no Parlamento inglês . Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, Lady Astor, do tipo Heloisa Helena do PSOL, que pediu uma parte . Todos sabiam que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos . Mas, concedeu a palavra à deputada. E ela disse em alto e bom tom :
- Sr. Ministro , se V. Excia. fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá!
Churchill, lentamente , tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu toda a platéia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, lascou:
- Nancy, se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse chá.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Êxtase de Santa Teresa


Gian Lorenzo Bernini foi o autor de uma das esculturas mais calorosamente e discretamente discutidas pelo Vaticano. Sem muito o que afirmar e entre a ficção e a realidade o que posso dizer sobre Santa Teresa de Ávila é que esta teve o prazer, talvez literal, de apaixonar-se em uma experiência mística por um anjo Serafim.
Já conhecia a escultura de outras datas e logo após o post sobre Saudek e a "Nova Pietá" quis trazer esta curiosidade pra cá, o tempo foi e acabei esquecendo, mas por sorte ninguém menos competente que Dan Brown (hahahaha) me lembrou da dubialidade da obra! Foi em seu livro Anjos e Demônios que curiosamente e maravilhosamente a escultura foi o arremate perfeito a uma parte da história e, é sempre sináptico deparar-se com um conhecimento prévio nessas horas! Voltando...
Afastada do Vaticano por seu cunho além de espiritual, sexual, o Êxtase de Santa Teresa permanece em Roma. Quis dizer a escultura.. já que o êxtase ninguém mais pode afirmar!
A partir da autoria da obra, muitas histórias, lendas e estórias perpassam pela mente de fanáticos religiosos até historiadores, conhecedores, amadores, etc. Nada pode ser dito real ou material, por completo. Nem mesmo é factual, a descrição da relação de Santa Teresa em seu diário íntimo, visto que até a própria veracidade deste objeto é questionável.
Ok, chega de piadinhas e interrogações religiosas. O Post não saiu como eu queria, to morta de pressa... mas tinha que trazer logo pra cá, tava ansiosa! Pronto!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rosebud

O verbo saiu com os amigos pra bater um papo na esquina,
A verba pagava as despesas porque ela era tudo o que ele tinha.
O verbo não soube explicar depois porque foi que a verba sumiu.
Nos braços de outras palavras o verbo afagou sua mágoa, e dormiu.
O verbo gastou saliva, de tanto falar pro nada.
A verba era fria e calada, mas ele sabia, lhe dava valor.
O verbo tentou se matar em silêncio e depois quando a verba chegou,
era tarde demais o cáderver jazia,
a verba caiu aos seus pés a chorar
lágrimas de hipocrisia.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ver só, verso.

Deixe que se faça dia sobre aquela escuridão em que caímos, que se faça sombra no excesso de queimaduras do sol. Deixe que eu me entregue sem meios tropeços, meios arranhões enquanto me amas sem meias verdades, meias palavras, meio coração. Deixe que eu ame, enquanto durar, sem deixar que eu me perca no abismo que encontro e desencontro em você, no ritmo que ouço e que não ouço em seu peito, deixe que eu me encontre depois de um passageiro não saber. Quis nunca te deixar, nunca te perder. Passageiro. Não. Saber.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... enquanto durar.






Confesso que as coisas estão desorganizadas demais pra postagens autorais agora, mas logo elas chegarão, prometo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

senti mental

O quanto eu te falei que isso vai mudar, motivo eu nunca dei.
Você me avisar, me ensinar, falar do que foi pra você não vai me livrar de viver.

sábado, 13 de junho de 2009

paliativa? medicina definitiva pra todos os gostos.

Nada melhor do que começar essa sobreposição de ideias com um dos pensamentos mais claros de um ex-Beatle nada conhecido, imagina.. ninguém menos que Paul McCartney disse que a música é capaz de curar. Numa dessas noites me deparei com a citação usada por ele pra expressar essa capacidade da arte enquanto música, não lembro na íntegra agora, por isso trouxe apenas a ideia. Mas a indagação mesmo é ''Qual a utilidade da arte?''.
Por várias vezes me deparei com essa pergunta na esfera da arte com a qual era envolvida, então... nunca respondi. Hoje, um pouco distante, me proponho. Digo que a arte não tem utilidade. Não aquela prática ou imediatista, como uma planta de engenharia, por exemplo. Simplesmente não tem. O fim da arte é em si mesmo e o preconceito contra o artista parte justamente daí, da dificuldade de encontrar a resposta sobre uma utilidade própria. Por muitas vezes foi complicado dizer que a arte não é útil no sentido pragmático, mas dizer que não é útil, não é o mesmo que dizer que não possui função. Sim, a arte possui função. Esta é transcendente, ao passo que uma mancha de tinta ou um gesto no palco simbolizam estados da consciência humana.
A arte tem, muitas vezes, fins terapêuticos, apesar de não só trazer a conexão da mente humana com o mundo artístico quando esta sofre com a perda de alguma habilidade, também é uma forma de coligar as sinapses neurais com o movimento envolvido pela estética, com os estímulos externos no que diz respeito a interação e/ou público e a capacidade de criação. Além de ser uma bela de uma válvula de escape.
Através de outra ótica, a arte traz indícios sobre a vida. Traz marcada consigo a história, cultura e costumes de seus respectivos povos, estejam estes vivos ou extintos. A História hoje não reconheceria metade das civilizações antigas materialmente comprovadas se não fosse pela arte que eternizaram.
A arte permite a relativização do olhar humano, o entendimento 'das sociedades' através de suas manifestações. Criticando ou reafirmando valores, como por exemplo através da arte moderna de 22, ou mesmo da arte urbana contemporânea grafitada e apagada dos muros.
Presente na educação juvenil, nos desparates da escrita, do desenho, da escultura, do movimento, da tinta sobre os olhos dos homens. Presente nas cores, nas curas, nos sons. É complicado dizer que a arte não guarda utilidade, mas guarda, explicitamente e muito bem guardado, corações pulsantes, inteiramente doados e apaixonados.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

so no leve

Quero me perder, agora a noite, na prolixidade dos meus pensamentos. Tenho desse problema. Eles explodem simultaneamente aqui dentro e, no fim das contas, fragmento-os em uma ou duas palavras quando os três melhores motores da escrita são evidentes: insônia, tristeza e amor. Evidentes? Hum! Quando o universo ainda está sendo generoso comigo! Ah sim, ele e eu temos uma relação estreita de conspiração. Os astros me disseram que perdoo rápido demais, mas não esqueço nunca. Lembro de poucas coisas e isso não é virtuoso. E que é fácil se perder meio a ausência de palavras da minha calmaria, aos mistérios dela, disseram ao me rotular de Câncer. Além de tudo não se esqueceram de me contar que sou cheia de amor, a paixão que em poucas e aproveitáveis vezes entra em erupção, e que ele é tão profundo em mim que nem mesmo eu o encontrei! Para tocá-lo é preciso estar mesmo disposta a mergulhar e eu, agora, não sei. Não há nada que mais me irrite do que 'mal resolvimentos'. Favor não manter contato comigo quando este se fizer presente. Adoro pessoas egoístas! Acho incrível a tendência que tenho de me aproximar delas! Odeio pessoas disponíveis demais, devo ter somente uma ou duas na soleira da vida que carrego. Eu sou, acima de tudo, um ser sem significância e dos mais humanos, daqueles que acreditam fielmente que a democracia é o governo de vários! E que mentirinhas são perdoáveis. Que as teorias conspiratórias da Segunda Guerra Mundial murmuram entre as paredes com pouca convicção e ainda acho que duas pessoas possam mesmo se relacionar, dá pra acreditar?
'A comunicação é improvável', deve ter sido a frase mais célebre que ouvi no último semestre e a que mais faço questão de concretizar na seara da minha situação de convivência... digamos! Falo diante a todos sobre o que eu quero, o que eu sou, me mostro, transpareço o que posso e, mesmo assim ainda é tão difícil me compreender, estou consciente disso. "Falo bem diante de você, e você está longe de entender".
Sou paciente demais e às vezes intensa. Aliás, sou intensa demais e às vezes paciente. No fim das contas, todo paciente intenso.. ou intenso e paciente é resoluto e colérico, faz das tripas coração pra conseguir realizar o que quer. A palavra é certa e cortante: efemeridade. Paciência acaba assim como textos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Novas ordens:

A vida é curta... quebre regras, perdoe rapidamente, beije demoradamente, ame verdadeiramente, ria incontrolavelmente e nunca deixe de sorrir por mais estranho que seja o motivo. A vida não pode ser a festa que esperávamos, mas enquanto estamos aqui, devemos dançar.

domingo, 7 de junho de 2009

au sente

Não mais sei se dor é o que passou, se acredito no que vejo, no que sinto ou no que ouço. Se me confundo em outros ventos que sopram de ti... sopram coisas que cada vez sei de menos, menos sei e mais ardem.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

pass ar

Com o passar do tempo as coisas mudam tanto, cada qual em sua linha. Com o passar do tempo você passa a repetir algumas coisas em que acredita. Com o passar do tempo você passa a ter grupos de amigos diferentes. Com o passar do tempo você começa a ter menos horas pro sono seja por necessidade, seja por preferência. Com o passar do tempo você não se incomoda mais com a orelha quente e valoriza aqueles que contem sua vida ininterruptamente até que você desligue o telefone, vire pro lado e durma, por saber que, talvez, isso se repita só no próximo trimestre. Com o passar do tempo você vê que deve levar a vida cada vez mais independente de tudo, porque as coisas, assim como o tempo.. passam. Com o passar do tempo você acaba sendo menos casual e mais rotineiro e quer ser mais casual e menos rotineiro. Com o passar do tempo o seu organismo fica mais suscetível aos almoços de 15 minutos. Com o passar do tempo é cada vez mais difícil discernir amor de paixão, assumir sentimentos e achar que outro corpo é tudo que você quis, é o amor de sua vida. Com o passar do tempo você tende a ser mais crítico e achar os defeitos de forma mais rápida e aprende a conviver com eles. Com o passar do tempo as quedas doem mais. Com o passar do tempo as noites são mais curtas e os dias mais longos. Com o passar dos anos é cada vez mais difícil juntar todos os amigos na mesma cidade, imagina no mesmo lugar. Com o passar do tempo a reclusão tende a ser mais frequente nos dias de chuva e as dúvidas mais sistemáticas ao deitar na cama. Com o passar do tempo as questões e as renúncias são mais dolorosas e os caminhos mais incertos. Com o passar...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

avassala dor

Num primeiro momento sinto alívio, seja físico, seja mental e até um sentimento de ser livre na rotina que eu mesma, agora, posso criar. Num segundo momento procuro preencher aquele vazio do horário, num terceiro procuro preencher o do coração. Nada preenche. Nos próximos momentos é como se algo fosse adentrando e ferindo o corpo cada vez que perco a força dos pés que me fazem crescer, pairar, subir, girar. Cada vez que sinto perder o sentimento de estar em cena, de ser completa, de estar, de fato, num mundo meu. Perco a mágica por entre as mãos que não mais relembram a energia de antes, que não mais repetem movimentos... isentam-se do peso do corpo ante a barra.
É como se a amplitude do meu corpo fosse diminuindo, diminuindo e diminuindo num espaço imenso que precisa ser preenchido de qualquer forma, a qualquer custo e é como se fosse dificil demais deixar que esse espaço diminua de vez comigo. É como se aquele compromisso com a disciplina se perdesse em coisas superficiais por alguns segundos, naquelas que ocupam momentos, que ocuparão o futuro e não o coração, pelo menos não plenamente.
Mais uma dança de palavras se esvaem na minha mente e se soltam dos olhos pra cá como a tempos não me solto num palco sendo o personagem em mim. Mais uma vez reclusa, mais uma vez presa, mais uma vez sem.. e mais nada.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

de onde vem a calma?



Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado
Rei de mim.

domingo, 17 de maio de 2009

su ar, seu ar.

Quis poder parar o tempo enquanto senti tua pele tocar meu corpo, enquanto tua boca me percorria inteira, plena, toda. Quis perder-me no espaço enquanto respirava o desejo da tua voz, do ar que, com toda a intensidade, saía do teu peito e entrava em meus ouvidos. O que faço com as mãos? Aquelas que invadem cuidadosamente meu vestido, minhas pernas e que se derretem no calor dos teus olhos nos meus olhos, dos teus lábios em minhas costas. E.. se esqueço dessa hora pelo corpo, lembro pelo coração. Quanto mais te ponho contra mim, mais sinto o bater e o cansar, te sinto. Sinto o amar.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

p or men or

às vezes no silêncio da noite

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Réplica

Entrego-me no vão das leves letras de quinta a tarde, sentindo o calor entrar pela janela, sentindo a saudade arder em partes do corpo. Que mil acasos tragam os nós entre nós. Adoro sentir a presença curtinha de certas coisas na rotina, a vontade de escrever, de andar livre, sentir o sol na pele, vê-lo noutra pele, a presença de pequenas saudades depois de perder de vista e mesmo a presença do amor, que demorei, mas confessei ser amor.

terça-feira, 5 de maio de 2009

ganhas me perco.

Perco-me entre tardes, noites, fins de manhãs,
Ganhas-me entre beijos, cheiros, apertos, respirações,
Perco-me entre sons, tempos, redenções,
Ganhas-me entre chuvas, surpresas, confissões,
Perco-me entre tons, sorrisos, palavras tuas
Ganhas-me entre sonos, delírios, revelações nuas.

Perco-me entre o tempo, as luas, dimensões,
Ganhas-me no abrir e fluir de novas invenções,
Perco-me entre o calor, tua voz, o entardecer,
Ganhas-me no acaso de me enlouquecer.

Ganhas-me em teus braços, traços, teu amor e calma,
Enquanto perco-me aos poucos... louca, solta, sua, corpo, alma.

Se me perco, ganhas-me. Se me tens, encontro-me.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dois olhos negros

A curiosidade de saber o que me prende? o que me paralisa? Serão dois olhos negros como os teus que me farão cruzar a divisa? ... É como se eu fosse pr'um Vietnã lutar por algo que não será meu. A curiosidade de saber..Quem é você? Dois olhos negros. Dois olhos negros. Queria ter coragem de te falar, mas qual seria o idioma? Congelado em meu próprio frio, um pobre coração em chamas...É como se eu fosse um colegial diante da equação, o quadro, o giz. A curiosidade do aprendiz diante de você... Dois olhos negros. Dois olhos negros. O ocultismo, o vampirismo, o voodoo. O ritual, a dança da chuva. A ponta do alfinete. O corpo nú. Os vários olhos da Medusa. É como se estivéssemos ali.. durante os séculos fazendo amor e é como se a vida terminasse ali no fim do corredor. Dois olhos negros.

domingo, 26 de abril de 2009

dei x ar

Deixa ser, nada de promessas, não quero lembranças que nos destruam pouco a pouco, deixa mais, vejo cada flor, cada amor e o que um faz. Deixa estar, que a vida vai passando e quem ganha é quem mostra e não quem diz. Deixa ver, que vamos esperando a parte de ser feliz, deixa. Deixa vir, que um dia aparece quem preenche o coração, que um dia a gente esquece e para de dizer não. Deixa crer, tudo começa em lugar pequeno e termina em lugar menor, deixa existir, pois enquanto existe ainda constrói algo maior. Deixa ser, deixa mais, deixa estar, deixa ver, deixa vir, deixa crer, deixa existir.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Safena

Sabe o que é um coração amar ao máximo de seu sangue? Bater até o auge de seu baticum? Não, você não sabe de jeito nenhum. Agora chega. Reforma no meu peito! Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas aproximem-se! Rolos, rolas, tinta, tijolo comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas Tempo, meu fiel carpinteiro, comece você primeiro passando verniz nos móveis e vamos tudo de novo do novo começo. Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora apertem os cintos. Adeus ao sinto muito do meu jeito. Peitos, ventres, pernas.. aticem as velas que lá vou de novo na solteirice exposta ao mar da mulatice, à honra das novas uniões. Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas.. protejam as beiras, lustrem as superfícies, aspirem os tapetes. Vai começar o banquete de amar de novo. Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões, façam todos suas inscrições. Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate. O homem que hoje me amar encontrará outro lá dentro. Pois que o mate.

(Elisa Lucinda)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

não per missão,

Estranho perceber o quanto algumas coisas podem ser tão efêmeras enquanto que outras podem ser tão eternas, esse mix que o tempo prega as vezes confunde, entristece, alegra, acelera, apaixona. Admiro mesmo quem é capaz de doar-se com honestidade a vida, sem fazer farsas pequenas, mesmo que os imparcialmente doados sejam aqueles que mais sofrem e que mais estejam expostos à possíveis tapas, que só servem pra uma coisa diga-se de passagem, pra te acordar em relação as pessoas.
Mais estranho ainda perceber as diferenças entre as personalidades, tenho pessoas tão frias quanto um iceberg e tão quentes quanto uma chama misturadas aqui mesmo, na minha vida. Tenho pessoas que foram capazes de mostrar tudo o que são em cinco minutos, pessoas que mostraram metade de si em um ano e certamente milhões de outras que nada mostrariam mesmo que tivessem a eternidade, são esses milhões que me divertem. Tem paixões que acabam e deixam uma ponta de saudades e amores infinitos que findam sem nada deixar. O melhor de tudo é pensar que o tempo não volta, porque aí sim reconhecemos as pessoas que sabem corrigir-se em um futuro e as que só ouvem a própria voz. O bom de viver é saber que as coisas passam independente de passarem junto a ti ou não e que passam da forma que você as construiu. O bom de sentir é saber que, de alguma forma, estamos entregues a outros que conseguiram algo de nós mesmos, de quem somos, realmente. O bom de acabar é duvidoso, mas o bom do fim, propriamente dito, é saber que ele abre espaço para um novo começo do seu jeito, mesmo que fiquem saudades, amores antigos, mesmo que fiquem rosas ainda vivas no quarto, fotos, cartões perfumados, mesmo que fiquem rostos turvos e confusos na mente e mesmo que sentimentos se vão e fiquem vontades não descobertas.

domingo, 19 de abril de 2009

querer mar

Pois quero ser algo de não saber
Já ei de amar algo de não querer
Se um querer em um não amar
Aparecer, num transcender será
Algo de muito amar
E muito querer.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

des carrego

Esse é meu melhor horário, aquele em que sinto uma fominha resultante de umas mordidas longínquas do jantar que pouco me recordo, mas na verdade é o melhor horário pra dizer que as minhas costas já doem de tanto cambrè na aula de ballet e de tanto ficar sentada escrevendo e queimando os neurônios à respeito do Capitalismo, de Marx, das partes que com Hegel concordava e... nada disso importa, me perdi.
Tava pensando movida a muita cafeína e chocolate com menta que tudo o que queria agora (sim, agora, 2:11) era uma sala de ballet, onde, depois desses textos escaldantes, pudesse por uma suite de Bach e dançar até acabar a música, mesmo com as costas doloridas e os pés cansados. Eu estava pensando em quantos advogados bem sucedidos de 45 anos existem, quantos músicos compuseram suas melhores sinfonias só depois dos 60 e quantos médicos aos 65 anos salvaram pacientes pelo simples tocante da experiência. Quem dera bailarinos fossem ficando melhores ao sabor do tempo. Às vezes esqueço de viver tudo que existe de mais gratificante em dançar agora porque esqueço que um dia, mais cedo ou mais tarde e nem tão tarde chegue o timming de pendurar as sapatilhas. Não negaríamos nunca as lembranças, conselhos e até cada um dos tapas de grandes mestres, por mais que aposentados. Como imaginar o fim de um dia livre da exaustão física, sem o sentimento de alívio, de vazio e de cumprimento de uma missão? Bailarino durante um dia... missão o suficiente, garanto. Falando em mestres, conselhos e etc, nunca esqueço um deles que, por sinal, foi o que me trouxe aqui hoje: "O caminho que você percorre é do tamanho do seu sonho". Sonhar é maravilhoso, viver um dia de cada vez ao percorrer esse caminho é melhor ainda, por isso agradecer é o suficiente, por viver mais um dia de uma arte que me constitui, constrói.
Trago impresso na alma esse amor, que é único e máximo, por mais que certas coisas se percam no tempo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Jan Saudek

Outro dia estava catitando pelas minhas comunidades e lembrei de algo que ainda não tinha trazido pra cá. Através de emails e mais emails com um amigo e ex professor queridíssimo, Michel Pinho, mais um super nome da fotografia paraense também, pude conhecer o trabalho de um dos caras menos convencionados da fotografia tcheca e queria deixar aqui pra que mais pessoas possam conhecer seu trabalho.

Uma breve biografia de Jan Saudek é dizer que nasceu em Praga em 1935 e comecou a trabalhar com pintura, desenho e fotografia por volta de 15 anos depois mais ou menos, fotografando conhecidos e familiares nas mais inusitadas situações, além de trabalhar com momentos inspirados em filmes de Georges Méliès, um ilusionista francês e precursor do cinema em seu país que usava muito de inventos fotográficos na criação de seus cenários e mundos fantásticos, o filme de Méliès que mais ficou conhecido foi Le Voyage la Lune, no qual usou dupla exposição do filme pra obter efeitos visuais e especiais super inovadores pra época de 1902.

Bom era isso! Vou deixar o portfólio, hoje Saudek mostra a mentalidade inovadora, chocante, às vezes agoniante, confesso, e exótica de um artista de 74 anos vividos sob uma mentalidade mais do que expandida e 59 anos fotografados.



Na imagem, trouxe uma das mais polêmicas, A Nova Pietá, na concepção do artista e pra quem a aceite. Bastante distante da escultura de Michelangelo e da visão quadrada, sentimental literal. Saudek traz essa proposta de imponência à Virgem Maria, seja na expressão, na posição, na fortaleza que expressa, na ausência das roupas e no que mais possam notar, essa é apenas uma das que vale a pena conferir.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

t, em, po.

Quando eu te tocar, beija todo meu corpo, esquece o tempo, vem me amar..

domingo, 29 de março de 2009

Noutro tempo falava em estalo, o estalo que já não me vinha entre os dedos rápidos, frios e trêmulos dos quais escorrem palavras anteriores as do pensamento. Essa relação fria, exclusivamente prolixa, me causa uma certa saudade: o fato de entrar aqui sem nem saber o porquê de estar entrando e terminar a postagem sabendo menos ainda, mesmo depois de ter discutido algo que com certeza é meio parte da matéria que em mim existe, que me cabe, de que sou feita.
Ah o simples fato de deixar acontecer... escrever é deixar fluir, que nem o amor por exemplo, são ápices contínuos de sentimentos que te invadem pouco a pouco e que tem necessidade de se externar, mas é claro que tem uma minúscula diferença entre eles, nunca podes te magoar escrevendo, nunca podes ser ferida enquanto palavra a palavra saem do teu corpo e talvez por isso seja muitas vezes um abrigo refugiado na alma daqueles fracos demais pra manter certas coisas presas consigo. Particularmente, escrever é como gritar muito alto sem precisar ensurdecer-se, parece que sai de todas as partes algo corroível meio a alguma estranheza, quando existente. Por isso agora ficam aqui esses rios como obra de um tom bem alto de saudade, de dúvida e de vão, do que é feito não importa, mas ficam como obra de um estalido de domingo em casa.