quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Agora Tá

Não é nenhum aviso, estava escrito nos orixás. Não foi Caio quem me disse, nem foi Clarisse. E isso nem é sobre ausência. Eu deitei perto da piscina pra ler certo nas estrelas e elas me disseram, uma a uma, que era pra eu me despir e sair na rua. E que você mal ia notar, aliás.. ia. Mas notaria também a moça que derrubou aquela garrafa esverdeada na outra esquina do bar, o garçom que vai andando meio trôpego e que não perdeu aquele ar de tropicalista incandescente, você vai notar aquele homem que entra quase derrubando a porta e junto, com a porta, todas as mulheres das mesas porque ele sim, chegou deslumbrante. Você vai notar que é Chovendo na Roseira o plano de fundo. E que a Elis em certo ponto, estava tão bêbada que mal completou o quarto verso. Vai notar que o gato da Dona Íris pulou o muro e correu no batente. Que hoje a maré deu cheia uma hora antes. 

E aí eu vou notar que você vai gostando enquanto eu vou tirando o resto da roupa, que você vai colocando a mão conforme eu vou guiando e que não gosta que eu vá, bem no fundo. E que vai deixando de notar se a porta bateu ou não no pé do criado mudo. 

Mas e se eu começar a notar que são quase cinco e cinco e que é Águas de Março? Você não está ouvindo? E o seu relógio caiu no chão sem querer. E hum.. é o Mario passando ali do lado, ele está mais rico do que nunca, o Mario. Depois que herdou todas as ações da empresa do avô, então. Eu posso notar os dois rabos de saia que passaram e decidir qual comer e qual olhar. E se meu coração palpitar algumas vezes no ano novo quando eu avistar o Armando na praia? Pelo simples fato de ter sido o Armando.. porque tivemos uma relacionamento mal resolvido. Eu me sinto assim quando eu vejo o Armandinho, você se importa? É só um tremilique bobo. Você sabe. Opa! Eu lá deixei trocar a música, Maria do Maranhão? Não atrapalha o Meio de Campo. Chama o Menino das Laranjas porque eu notei que uma escapuliu e caiu aqui no meu gramado. Mas avisa que também notei que ele nem ligou porque estava de olho naquela Mulata Assanhada que passou de lá pra cá e ô.. que coxas, Maria Rosa. Vou te contar. É essa a sua cabeça?

No Dia em que Eu Vim Embora, quando peguei o Trem Azul. Foi que você notou só uma coisa, finalmente, parou de tremilicar feito Vinícius. E dessa penca de sentidos que você usou tanto pra notar tudo em volta, só sobrou a fumaça cobrindo os trilhos. É, Flora, Sabiá piou e você mal ouviu. Tinha uma coisa ali dentro piando, batendo mais alto. E aí não tinha mais condições de fazer o Retorno e eu te digo... nessa Andança Quando eu me Chamar Saudade é que você vai notar o que tinha pra ser devidamente notado. Podia também eu ser versátil com você, dar 5% de mim pra cada... Tem Dó dessa puta perda de tempo.

E aí não saí da piscina. Fui pelas Três Marias, pelas 88 constelações, quando cheguei em Octans, descobri que qualquer uma que eu colocasse na sua frente poderia ser uma boa metáfora - que você sequer ia entender - mas que ia me fazer sorrir como se nada tivesse acontecido, como se eu tivesse dito tudo e pronto. Foram quantas músicas? Depois vou contar, se eu não acabar me perdendo no número de rosas que Tio Otávio pôs no tapete perto da porta ou com a conversinha calma e amigável que ele teve com a ex-mulher. A possibilidade de chegar muito perto dessa Mania de Gostar.
66%

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

De vez em quando você falta.

Decifro pra quem escreve

Evidentes? Hum! Quando o universo ainda está sendo generoso comigo! Ah sim, ele e eu temos uma relação estreita de conspiração. Os astros me disseram que perdoo rápido demais, mas não esqueço. Lembro de poucas coisas e isso não é virtuoso. É fácil se perder meio a ausência de palavras da calmaria, aos mistérios. Rotular de Câncer. Paixão? Meu segundo nome, que em inúmeras e aproveitáveis vezes entra em erupção. Ele, tão profundo em mim que pra tocar - digo, amor - faz-se necessário estar mesmo disposto a mergulhar de uma vez. Não há nada que mais me irrite do que 'mal resolvimentos'. Não tenho tempo. Resoluta. Colérica. As teorias conspiratórias da Segunda Guerra Mundial murmuram entre as paredes com pouca convicção. Eu vejo nos textos, leio nos lábios todas elas. Por que não tornar o hoje mais impessoal? Eu vou cansando.

Só uma repaginada.
Eis que vem o fantasma que me fez, a machadinha ainda no crânio. Tu podes deixar o chapéu na cabeça, sei que tens um buraco a mais. Eu queria que minha mãe tivesse tido um a menos, quando estava na carne: eu me teria poupado. Dever-se-iam costurar as mulheres, um mundo sem mães. Nós poderíamos nos chacinar em paz, e com alguma confiança, quando a vida se torna longa demais para nós ou a garganta estreita demais para os nossos gritos. Que queres tu de mim? Não te basta um funeral solene e oficial? Velho resmungão. Não tens sangue nos sapatos? O que me importa o teu cadáver? Contenta-te que a alça está de fora, talvez acabe mesmo chegando ao céu. O que é que está esperando? Os galos foram abatidos. Não há mais amanhecer.
Aquela que o rio não conservou. A mulher na forca. A mulher com as veias cortadas. A mulher com excesso de dose SOBRE OS LÁBIOS NEVE a mulher com a cabeça no fogão a gás. Ontem deixei de me matar. Estou só com meus seios, minha coxas, meu ventre. Rebento os instrumentos do meu cativeiro - a cadeira, a mesa, a cama. Destruo o campo de batalha que foi o meu lar. Escancaro as portas para que o vento possa entrar e o grito do mundo. Despedaço a janela. Com as mãos sangrando rasgo as fotografias dos homens que amei e que se serviram de mim na cama, mesa, na cadeira, no chão. Toco fogo da minha prisão. Atiro minhas roupas no fogo. Exumo do meu peito o relógio que era o meu coração. Vou para a rua, vestida em meu sangue.
Vou te contar. Tu ligas uma vez por ano sempre assim 'liguei pra te desejar feliz natal, feliz ano novo', conto a minha vida, tu contas a tua. O 'te amo', bem... esse tu engoles e mandas por mensagem depois. A gente segue assim, bem distante. Eu gosto disso. Gosto dessa distância porque faz cada ligação ser melhor que a do ano anterior, cada torcida mais verdadeira.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Sabe paciência quando acaba? Essa sou eu, tolerância zero. E tudo vira normal e uma risadinha.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não agüento
Você está tão curtida

Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita


Traz meu café com Suita, eu tomo
Bota a sobremesa, eu como
Eu como, eu como, eu como, eu como você.



Tem que saber que eu quero é correr mundo, correr perigo
Eu quero é ir-me embora. Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo



E quero que você venha comigo




quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

CFA

O tempo é que mostra o que realmente valeu a pena, o tempo nos ensina a esperar, o tempo apaga o efêmero e acaba com a dúvida.

dos Estúdios Abbey Road

Lembro de ter conversado algumas vezes com o meu padrinho a respeito dos estúdios Abbey Road. E aí que hoje, 12:35h, leio a notícia de que a faixa de pedestres, motivo da capa do álbum dos Beatles de 69, virou finalmente patrimônio inglês. Era de se esperar, não só pela repercussão turística. Se os estúdios já eram patrimônio do Reino Unido, por que não a faixa?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

General rehearsal, não tem preço.

Eu tenho outro mundo bem na palma das minhas mãos. E quanto mais me sinto repreendida, mais mergulho nele. Sensação da mente se esvaziando de fato.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

eu lembro bem dos teus olhos me reprovando. Não me venhas, tu, com essa palavra. Com essa tamanha baboseira pra me fazer sentir diminuída. Eu já sei que é assim que você quer que eu me sinta e por isso, não me sinto. Só por isso, acredite. Porque se eu levasse em conta todas as vezes que tu me olhaste assim poderia jurar que por dentro você estava gritando que eu era pior, bem pior do que tudo que tu criaste pra mim. E que eu não correspondia as tuas expectativas e que eu poderia mesmo me esforçar mais e não fazia. Acontece que todo o meu esforço, uso pra outra coisa. Paciência. Estou dividida, mas entenda bem isso como "momento". Não há palavra melhor do que "estado".

Ah, se você pudesse entender.. facilitaria. Mas qual seria a graça, não é? Eu chegaria em casa, você levantaria pra fazer o jantar, conversaríamos sobre minhas marcações de palco, falhas técnicas, eu diria sobre como o iluminador deixou a desejar e você estaria ali. Talvez estivesse realmente interessada ou talvez não. Eu dormiria com menos um estresse na cabeça e conseqüentemente menos uma barreira.
Pois que venham todas elas.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Como diria Drummond, as leis não bastam. Os lírios não nascem das leis.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Birds again and again. It is in my head but i can't tell you.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente. Preciso conduzir um tempo de te amar, te amando devagar. E urgentemente. Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez. Prometo te querer até o amor cair doente, doente... Prefiro, então, partir a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente.

Quando a minha garganta fecha, chama Chico e ele acaba dizendo.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

02dez2010

'Humildade, dedicação, esforço e disciplina. Foi o que vi em você hoje e espero continuar vendo'

'Não tem nada mais honesto que dançar. No momento em que o bailarino pisa no palco você já sabe se ele trabalhou ou não. Não existe sorte. Cada um busca a sua sorte e transparece a sorte de mereceu.'


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quando o cansaço me acomete, é de você que lembro. Foram tantas noites que, lado a lado mal podíamos dormir. E aí que sinto aquela contração das suas coxas entre as minhas pernas e parece que você, feita pra estar ali, se despede de mim, assim tranqüila, sem mais. Eu poderia perder o vôo em Brasília mais algumas vezes e esquecer de voltar e ficar com você e estruturar nossas expectativas.. Aliás, minhas expectativas.

Tenho frases suas gravadas - de uma delas já me apropriei antes: 'feita pra estar ali' - 'você me faz ter...', '...de outro mundo', mas a mais gravada de todas desses últimos dias é 'sem mãe, não é?' e eu fico repetindo o tempo inteiro na minha cabeça essa metáfora sensacional. Não é, no meu peito, não é. Tento abafar os planos, as expectativas que me ficaram mais claras e que viraram vontades imensas. Intensas, somos. Tento focar no 'eu sabia que não íamos viver muito'. Eu restringi seu coração tanto assim? Não tenho muito tempo pra ligá-lo na tomada de novo. Na verdade, eu tenho muito tempo pra ficar longe, pra abrir espaço pra você viver outras coisas. E se você está tão tranqüila, vai ser easy. To aqui procurando uma tomada e aí você cabeça, eu coração. And now, what?

Parar e viver, sem meios clichês, dia após dia como se fossem os últimos não das 'nossas' vidas, mas da 'nossa' pequena e incendiária.