sexta-feira, 24 de julho de 2009

O céu é um set da MGM

Existe algo de errado num mundo em que as pessoas não saem cantando e dançando na rua.

Ah, musicais. Estou disposto a defender a tese de que a MGM, quando Arthur Freed era produtor de lá, e especialmente no período entre O Mágico de Oz (1939) e Gigi (1958), era solo sagrado. Tenho uma devoção religiosa a nomes como Freed, Fred Astaire, Betty Comden, Alan Jay Lerner e Frederic Loewe; e toda a minha noção do que é sublime vem da cena da charrete em A Roda da Fortuna.
As pessoas sempre riem dos musicais porque um personagem de repente sai cantando, mas deviam rir é da vida porque ninguém sai cantando assim - improvisando de súbito uma melodia perfeita e uma letra toda espertinha. Vocês não sentem que a vida devia ser assim? Não é esse o prazer de ver um musical - imaginar um mundo em que nosso pensamento seja tão rápido, tão desimpedido de sono, cansaço e burrice que possamos improvisar grandes músicas ao ritmo de uma a cada dez minutos, no supermercado, na feira, no aeroporto? E onde nossos corpos sejam tão ágeis (ou talvez a gravidade seja um pouquinho menor, ou ambos) que enquanto cantamos vamos improvisando uma dança e subindo as arquibancadas da quadra de vôlei, enquanto as outras pessoas não riem, mas pelo contrário, se juntam à dança numa coreografia espontânea, espantosa?
Existe algo de errado num mundo em que as pessoas não saem cantando e dançando pela rua, e se muitas pessoas não gostam de musicais, é porque sentem que esses filmes as criticam de uma forma mais violenta que qualquer outra forma de arte. Outras formas de arte que ficam nos acusando de sermos burgueses, alienados, meio esquecidos, vesgos, carecas, barrigudinhos - todas acusações ridículas. Não, é pior. Somos aqueles que são incapazes de improvisar uma música quando compramos uma maçã de uma velhinha dançante, numa banca de frutas colorida como um set de Vincent Minelli.
Essa falha na natureza humana só será redimida no céu. Quando de diz que os anjos cantam, é isso que se quer dizer - que eles cantam. Os retratos mais realistas da vida no céu - de um realismo de cinema italiano do pós-guerra, mesmo - são filmes como Um Americano em Paris e A Roda da Fortuna - que são uma espécie de descrição literal de como vivem os santos depois dos martírios todos. Depois que as fogueiras esfriaram e os leões fizeram suas digestões, os mártires subiram para um céu que se parece com um set de Paris da MGM, e estão cantando até hoje, com George e Ira Gershwin e Cole Porter tentando anotar a letra em pedacinhos de papel e nas mangas das camisas, mas sendo impossibilitados pelo fato de que estão eles mesmos dançando como loucos. Deus mesmo é um número de dança.

A. S. Silva
BRAVO!, Ed 115 - Teatro.
Março 2007

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um pingo de Churchill

Quando Churchill fez 80 anos um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse:
- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos
Resposta de Churchill:
- Por que não ? Você me parece bastante saudável ..

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Telegramas trocados entre o dramaturgo Bernard Shaw e Churchill, seu desafeto.
Convite de Bernard Shaw para Churchill:"Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação de minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver." Bernard Shaw.
Resposta de Churchill: "Agradeço, ilustre escritor, honroso convite.. Infelizmente não poderei comparecer primeira apresentação. Irei à segunda, se houver."
Winston Churchill.

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O General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na batalha da África, na IIª Guerra Mundial.
Discurso do General Montgomery:' Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói '.
Churchill ouviu o discurso e com ciúme, retrucou:' Eu fumo , bebo, prevarico e sou chefe dele.'

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Bate-boca no Parlamento inglês . Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, Lady Astor, do tipo Heloisa Helena do PSOL, que pediu uma parte . Todos sabiam que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos . Mas, concedeu a palavra à deputada. E ela disse em alto e bom tom :
- Sr. Ministro , se V. Excia. fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá!
Churchill, lentamente , tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu toda a platéia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, lascou:
- Nancy, se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse chá.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Êxtase de Santa Teresa


Gian Lorenzo Bernini foi o autor de uma das esculturas mais calorosamente e discretamente discutidas pelo Vaticano. Sem muito o que afirmar e entre a ficção e a realidade o que posso dizer sobre Santa Teresa de Ávila é que esta teve o prazer, talvez literal, de apaixonar-se em uma experiência mística por um anjo Serafim.
Já conhecia a escultura de outras datas e logo após o post sobre Saudek e a "Nova Pietá" quis trazer esta curiosidade pra cá, o tempo foi e acabei esquecendo, mas por sorte ninguém menos competente que Dan Brown (hahahaha) me lembrou da dubialidade da obra! Foi em seu livro Anjos e Demônios que curiosamente e maravilhosamente a escultura foi o arremate perfeito a uma parte da história e, é sempre sináptico deparar-se com um conhecimento prévio nessas horas! Voltando...
Afastada do Vaticano por seu cunho além de espiritual, sexual, o Êxtase de Santa Teresa permanece em Roma. Quis dizer a escultura.. já que o êxtase ninguém mais pode afirmar!
A partir da autoria da obra, muitas histórias, lendas e estórias perpassam pela mente de fanáticos religiosos até historiadores, conhecedores, amadores, etc. Nada pode ser dito real ou material, por completo. Nem mesmo é factual, a descrição da relação de Santa Teresa em seu diário íntimo, visto que até a própria veracidade deste objeto é questionável.
Ok, chega de piadinhas e interrogações religiosas. O Post não saiu como eu queria, to morta de pressa... mas tinha que trazer logo pra cá, tava ansiosa! Pronto!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rosebud

O verbo saiu com os amigos pra bater um papo na esquina,
A verba pagava as despesas porque ela era tudo o que ele tinha.
O verbo não soube explicar depois porque foi que a verba sumiu.
Nos braços de outras palavras o verbo afagou sua mágoa, e dormiu.
O verbo gastou saliva, de tanto falar pro nada.
A verba era fria e calada, mas ele sabia, lhe dava valor.
O verbo tentou se matar em silêncio e depois quando a verba chegou,
era tarde demais o cáderver jazia,
a verba caiu aos seus pés a chorar
lágrimas de hipocrisia.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ver só, verso.

Deixe que se faça dia sobre aquela escuridão em que caímos, que se faça sombra no excesso de queimaduras do sol. Deixe que eu me entregue sem meios tropeços, meios arranhões enquanto me amas sem meias verdades, meias palavras, meio coração. Deixe que eu ame, enquanto durar, sem deixar que eu me perca no abismo que encontro e desencontro em você, no ritmo que ouço e que não ouço em seu peito, deixe que eu me encontre depois de um passageiro não saber. Quis nunca te deixar, nunca te perder. Passageiro. Não. Saber.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... enquanto durar.






Confesso que as coisas estão desorganizadas demais pra postagens autorais agora, mas logo elas chegarão, prometo.