sábado, 13 de junho de 2009

paliativa? medicina definitiva pra todos os gostos.

Nada melhor do que começar essa sobreposição de ideias com um dos pensamentos mais claros de um ex-Beatle nada conhecido, imagina.. ninguém menos que Paul McCartney disse que a música é capaz de curar. Numa dessas noites me deparei com a citação usada por ele pra expressar essa capacidade da arte enquanto música, não lembro na íntegra agora, por isso trouxe apenas a ideia. Mas a indagação mesmo é ''Qual a utilidade da arte?''.
Por várias vezes me deparei com essa pergunta na esfera da arte com a qual era envolvida, então... nunca respondi. Hoje, um pouco distante, me proponho. Digo que a arte não tem utilidade. Não aquela prática ou imediatista, como uma planta de engenharia, por exemplo. Simplesmente não tem. O fim da arte é em si mesmo e o preconceito contra o artista parte justamente daí, da dificuldade de encontrar a resposta sobre uma utilidade própria. Por muitas vezes foi complicado dizer que a arte não é útil no sentido pragmático, mas dizer que não é útil, não é o mesmo que dizer que não possui função. Sim, a arte possui função. Esta é transcendente, ao passo que uma mancha de tinta ou um gesto no palco simbolizam estados da consciência humana.
A arte tem, muitas vezes, fins terapêuticos, apesar de não só trazer a conexão da mente humana com o mundo artístico quando esta sofre com a perda de alguma habilidade, também é uma forma de coligar as sinapses neurais com o movimento envolvido pela estética, com os estímulos externos no que diz respeito a interação e/ou público e a capacidade de criação. Além de ser uma bela de uma válvula de escape.
Através de outra ótica, a arte traz indícios sobre a vida. Traz marcada consigo a história, cultura e costumes de seus respectivos povos, estejam estes vivos ou extintos. A História hoje não reconheceria metade das civilizações antigas materialmente comprovadas se não fosse pela arte que eternizaram.
A arte permite a relativização do olhar humano, o entendimento 'das sociedades' através de suas manifestações. Criticando ou reafirmando valores, como por exemplo através da arte moderna de 22, ou mesmo da arte urbana contemporânea grafitada e apagada dos muros.
Presente na educação juvenil, nos desparates da escrita, do desenho, da escultura, do movimento, da tinta sobre os olhos dos homens. Presente nas cores, nas curas, nos sons. É complicado dizer que a arte não guarda utilidade, mas guarda, explicitamente e muito bem guardado, corações pulsantes, inteiramente doados e apaixonados.

3 comentários:

Lorena N. disse...

"...corações pulsantes, inteiramente doados e apaixonados."

Ai, dissestes tudo.

Anônimo disse...

você arrasa sempre. Concordo com tufo e assino em baixo!

Ana Cecília Sabbá disse...

Também ia fazer um texto sobre arte um tempo desses! o título até seria "O que é arte para você?" e teria outra abordagem, inclusive. Ainda pretendo fazer! Muito bom esse, por sinal.
beijo, metade